01 dezembro 2010

“Gravidezes” e paternidade

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Quem já leu esse blog sabe que tenho um filho de 9 meses e meio, o Arthur. Quem convive comigo sabe que sou muito babão por ele e que sou muito feliz por ser pai.

Nos últimos 30 dias, 1 casal amigo ficou sabendo que está “grávido”, outros 2 casais tiveram bebê e um outro fez inseminação e está na expectativa de confirmar o sucesso da mesma. Em todos os casos, minha felicidade foi enorme por esses amigos. Parecia até que a gravidez ou o filho (no caso, a filha, porque os 2 bebês que nasceram são meninas) era meu.

A paternidade/maternidade e a gravidez são bênçãos para qualquer casal. Sou pouco experiente nisso, mas seu o que é a felicidade de passar por essas duas situações e por isso me comovo e me congratulo com meus amigos que estão nessa fase maravilhosa da vida. E quem não sabe o que é isso, tenha certeza que quando bem planejada e bem quista, a gravidez é uma presente que Deus nos dá.

Aos amigos que citei no texto e que estejam lendo esse texto, aproveitem e curtam muito.

17 novembro 2010

Instantes

Texto atribuído a Jorge Luiz Borges – escritor argentino

Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.

Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente 
de ter bons momentos.

Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, 
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo.

15 novembro 2010

O Contrato de Casamento

Outro texto de Stephen Kanitz. Após lê-lo, lembrei de uma frase que ouvi em um filme. Na cena, o marido fala para a esposa: “Eu não sou perfeito e você também não é perfeita. O importante é sermos perfeitos um para o outro". Boa leitura e bom casamento a todos.

Na semana passada comemorei trinta anos de casamento. Recebemos dezenas de congratulações de nossos amigos, alguns com o seguinte adendo assustador: "Coisa rara hoje em dia". De fato, 40% de meus amigos de infância já se separaram, e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de amar o outro para sempre. Muitos casais no altar acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato.

Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo "vou sempre amar você", como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge até o dia em que alguém mais interessante apareça. "Eu amarei você para sempre" deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro.

Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher "ideal" para você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu "verdadeiro amor" estará no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí, o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema. Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas.

As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: "Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. Sei que fatalmente encontrarei dezenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia". Homens e mulheres que conheceram alguém "melhor" e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram a premissa básica e o espírito do contrato de casamento.

O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia vocês terão filhos e ao colocá-los na cama dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros "melhores". Eles aprendem a conviver com os pais que têm.

Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda(…). Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)

Editora Abril, Revista Veja, edição 1873, ano 37, nº 39, 29 de setembro de 2004, página 22

13 novembro 2010

O Segredo do Casamento

Ultimamente, estou sem muito tempo para escrever neste blog. Para não deixar meus milhares de leitores no vácuo, venho publicando alguns textos que gosto e que gostaria de compartilhar. O texto de hoje é de Stephen Kanitz, administrador e articulista de Veja, e fala sobre o casamento. Vale a leitura.

Meus amigos separados não cansam de me perguntar como eu consegui ficar casado trinta anos com a mesma mulher. As mulheres, sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo.

Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.

Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas, dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue.

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.

O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher. O segredo no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido.

Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua de mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?

Sem falar nos inúmeros quilos que se acrescentaram a você, depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 quilos num único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é sua esposa que está ficando chata e mofada, são os amigos dela (e talvez os seus), são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração. Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas, se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas, e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal "estabilidade do casamento", nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos. A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma "relação estável", mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensando fazer no início do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, por que não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto, descubra o novo homem ou a nova mulher que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza de que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)

Editora Abril, Revista Veja, edição 1922, ano 38, nº 37, 14 de setembro de 2005, página 24

11 novembro 2010

Sucesso

Discurso de Nizan Guanaes, publicitário, para uma turma da FAAP da qual era paraninfo.

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, sou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar.

E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo." E ela responde: "Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna. Meu segundo conselho: pense no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega viver como homens.

Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu. Que era ficção, mas hoje é realidade, na pessoa de Geraldo Bulhões, Denilma e Rosângela, sua concubina. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito.

É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro.

Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não sente-se e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansear, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta.Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso.

09 novembro 2010

Atrasado pela própria natureza

Prof. Dr. Marcos Chagas – Geólogo – Professor da UNIFAP (do site www.correaneto.com.br)
Alerto a sociedade amapaense sobre uma ação geopolítica mundial organizada por ONGs internacionais com sede no primeiro mundo, que vem transformando o Amapá e áreas próximas numa região intocada sob o discurso da preservação da biodiversidade, que eles acham ser a proposta que nós, amapaenses, devemos acreditar e apoiar para tornarmo-nos “aptos a receber recursos internacionais” e ajudar a salvar o planeta.
O problema é o excesso de terras amapaenses transformadas em áreas protegidas e a história tem demonstrado o quanto é necessário compartilhar responsabilidade pela preservação do planeta e não apenas imputar os custos da preservação para os pobres enquanto eles, os ricos do primeiro mundo, ficam com os benefícios. “É um absurdo esperar qualquer sacrifício em direção à sustentabilidade no Sul (países em desenvolvimento) se medidas similares não tiverem sido tomadas no Norte (países desenvolvidos)”, critica Herman Daly, ex-economista da área ambiental do Banco Mundial.
Faço esse alerta com a experiência de quem trabalhou no Ministério do Meio Ambiente por quatro anos; coordenou a criação de duas unidades de conservação de uso sustentável no Amapá (APA do Curiaú e RDS do Iratupuru – essas categorias não expulsam as populações locais); tem especialização em áreas protegidas nos EUA, com visita ao Parque de Yellowstone (que recebe 3 milhões de turistas por ano); viajou a África duas vezes para conhecer o modelo de Parques que o primeiro mundo implantou por lá; conhece o Amapá de ponta a ponta e outras qualificações que não me envaidecem.
Deixo claro que não sou contra a preservação. Sou contra o fato de tratarem a preservação dissociada da realidade social local, traduzida em isolar as populações do acesso aos recursos da natureza e de usar o discurso do “bom selvagem” para não permitir que empresas façam investimentos no Amapá.
Também estou convencido de que não se pode querer transformar um cidadão desassistido de políticas públicas de saúde, educação e renda digna em preservacionista. Aí está o problema. Quais são então as alternativas que os preservacionistas da natureza intocada apresentam para a melhoria da qualidade de vida da população do Amapá?
É evidente que ser adepto do apelo preservacionista gera status político e alguns falsos aplausos em eventos internacionais, como aconteceu com o Governador Waldez, em Durban/África do Sul, em 2003, no Congresso Mundial de Parques, quando anunciou a criação da Fundação Tumucumaque de Preservação da Biodiversidade do Amapá. Alguém conhece?
Desconheço alguma área de proteção integral no Amapá que tenha proposta de acesso e uso dos recursos naturais pelas pessoas. O reconhecimento pelas instituições preservacionistas de que essas áreas não geram benefícios tangíveis para as populações locais é mais digno do que prometer que um dia teremos o mesmo desfrute que têm os norte-americanos no Parque do Yellowstone ou nos inúmeros parques que existem por lá.
Tente visitar um Parque Nacional no Amapá ou defender a permanência de populações que vivem há tempos nessas áreas, como a Vila Brasil no Parque do Tumucumaque. Reúna os amigos e vá pescar na região dos lagos da Reserva Biológica do Lago Piratuba. O resultado é a prisão, sem direito a fiança.
O Amapá tem 70% de seu território transformado em áreas protegidas e mais 10 quilômetros em volta dessas áreas consideradas zona de amortecimento. Resta menos de 30% do Amapá para um possível processo de ordenamento territorial negociado. Esses menos de 30% são a maioria de ecossistemas de cerrado, que apresentam restrições tecnológicas para muitas atividades econômicas e não ofertam mobilidade locacional para atividades de mineração, geração de energia de fonte hídrica, manejo florestal sustentável, etc.
Para ser mais direto, o Governador eleito do Amapá governará em menos de 30% de áreas de cerrado. Qualquer atividade econômica a ser desenvolvida no Amapá, o Governador terá que pedir permissão aos preservacionistas. Isso se não encontrar um “bagre” pelo caminho, plagiando Lula ao criticar a ação dos preservacionistas que tentaram barrar a construção do complexo hidrelétrico do rio Madeira, empreendimento em processo de implantação em Rondônia com responsabilidade socioambiental fruto da maturidade política das instituições públicas e privadas.
Infelizmente, devo afirmar que o preservacionismo tornou o Amapá inviável para investimentos econômicos que necessitem manejar recursos naturais, mesmo que se cumpra todas as exigências legais e se adote procedimentos de completa transparência no processo de licenciamento ambiental. Quais são as alternativas?
Para aqueles que acham que isso é apenas uma crítica de um amapaense, de pensamento subdesenvolvido, que não merece credibilidade, pois santo de casa não faz milagre, sugiro leitura do livro do uspiano Antonio Carlos Diegues, sob o título “A Ecologia Política das Grandes ONGs transnacionais conservacionistas”, que desnuda os verdadeiros interesses das ONGs internacionais e de cientistas preservacionistas em relação aos países tropicais. Outra obra interessante é “Ecologia, elites e intelligentsia na américa latina”, de Marcos Reigota, que descreve a discriminação e o preconceito dos países desenvolvidos com o conhecimento gerado nos trópicos. Ou ainda “Biodiversidade e Conhecimentos Rivais, de Boaventura de Sousa Santos, que nos ajuda a entender os significados da biodiversidade e sua retórica. Para conhecer os argumentos dos preservacionistas, sugiro uma leitura do livro “Tornando os Parques Eficientes”, organizado por John Terborgh e outros.

07 novembro 2010

Eu chorei

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Há pouco estava assistindo o Fantástico junto com meu sobrinho de 7 anos enquanto minha esposa dava banho no nosso filho. Passava uma reportagem sobre Airton Senna.

A reportagem mostrou cenas inéditas de Senna e algumas já famosas, como sua primeira vitória no Brasil em 1991, quando ganhou com apenas a 6ª marcha e quase lhe faltou forças para erguer o troféu. O texto e a narração do reporter Pedro Bassan associados as imagens deste meu ídolo me levaram às lágrimas. Meu sobrinho, Marcos, me olhou e riu. Correu até o banheiro onde minha esposa estava:

- Tia Nália, o tio Eldo está chorando por causa do Senna.

Nália, conhecendo o marido que tem, dá um sorriso e não diz nada.

Eu chorei, mesmo. Pela manhã, já havia ensaiado o choro quando vi uma entrevista inédita do Senna que o Esporte Espetacular mostrou, 10 dias antes de sua morte. Mas depois dessa do Fantástico, não aguentei. Chorei.

Gosto muito de esporte, quem me conhece sabe. Sou daqueles que lembra de detalhes, datas e personagens. E poucas coisas me emocionam tanto quanto o esporte. E o que me leva ao choro são as coisas boas. Chorei com a 1ª vitória do Rubinho. Chorei com o tetra, com o penta da Seleção Brasileira. Chorei com o penta e o hexa do Flamengo. Chorei com o ouro do César Cielo nas Olimpíadas. A derrota, não me arranca lágrimas. Não tem graça. O esporte é bonito pela superação. Pela prevalência do melhor, do mais preparado, do mais forte e mais treinado. 

Ver as imagens do Senna me fez lembrar o sentimento que tive quando ele morreu. Demorei a acreditar que aquilo tinha acontecido. Não chorei sua morte. Só me entristeci. Mas durante praticamente um ano, tinha a sensação que ele ainda ia correr, que ainda estava presente na Fórmula 1.

Aproveitei o momento e contei para meu sobrinho quem foi ele. Apesar de ter só 7 anos, ele é vidrado em automobilismo e sempre que pode assiste todas as corridas, como eu. Apesar de não ter visto, ele sabe quem foi o Senna. Mas não tem idéia da dimensão que o Senna teve na geração que o viu correr. Acho que esse filme estréia dia 12 de novembro, eu vou assistir com ele. Mas é bom que eu leve um lenço. Com certeza, vou precisar.

03 novembro 2010

Dilma e o PMDB

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A Dilma se elegeu há menos de 1 semana e já está tendo problemas com o PMDB. O eterno partido situacionista reclama por falta de  espaço no governo da petista.

Isso seria inevitável. Imaginem a voracidade que os cardeais peemedebistas agora que seu partido fez parte da chapa vencedora das eleições presidenciais. A última vez que isso aconteceu foi na eleição de Tancredo Neves, quando Sarney assumiu após morte presidente eleito. Hummm… Deixa pra lá.

Você que elegeu Dilma e sua inexperiência política não pode reclamar. Seu voto deu a ela, ao PT e ao partido de Michel Temer, José Sarney e Renan Calheiros, carta-branca para governarem nosso país. O problema é que os outros vão ter que viver nesse mesmo país. Mas, fazer o que, isso é a democracia.

Vamos esperar para ver a montagem do ministério. Será o primeiro indicativo do poder de influência do PMDB no novo governo. Vocês acham que a Dilma fará como a foto que ilustra esse post? Eu não.

01 novembro 2010

Considerações sobre a eleição no AP

- Camilo Capiberibe teve 170.277 votos dos 420.349 possíveis, ou seja, 40,51% dos possíveis. Isso significa que 250.072 eleitores não quiseram Camilo ou preferiram se abster. É importante que ele tenha em mente isso para governar com sabedoria.

- Lucas Barreto errou com suas alianças de 2º turno, principalmente com Waldez Góes. Mas fica a dúvida: ele ganharia se tivesse ido sozinho? Difícil dizer.

- Não se pode negar a influência da Operação Mãos Limpas nos resultados aqui do Amapá. Acredito que nem Camilo confiava em uma vitória antes da operação da PF.

- Camilo soube ser oposição enquanto era deputado estadual. Ele e Ruy Smith eram as únicas vozes divergentes dentro da Assembléia Legislativa ao governo que termina nos próximos meses. Que agora ele saiba ter oposição e que não use os mesmos métodos que tanto criticou como os acordos políticos excusos e, principalmente, as relações deploráveis com a imprensa.

- Um dia perguntei pelo twitter ao Capi se o poder não cega o político às críticas já que ele tende a ser cerdado por pessoas que o bajulam e que acabam filtrando o que lhe seria desagradável. O pai do Camilo respondeu que esse é um dos piores perigos do poder. Como Camilo usa muito bem o twitter, espero que ele mantenha aberto esse canal para receber sugestões e críticas, e que ele deixe a porta de seu gabinete aberta para a população poder falar diretamente com ele.

- Durante a campanha, o principal ataque a candidatura do PSB era quanto a continuação da “política de família”. Espero que ele tenha isso claro e que monte o governo não com parentes (errando como os outros erraram) mas com pessoas capazes e competentes, independente do sobrenome ou do partido.

- Pelo twitter, ao longo da campanha, cobrei tanto do Camilo quanto da Luciana Capiberibe que as propostas de campanhas fossem disponibilizadas no site do candidato. Acabou a eleição e as propostas não foram colocadas. Considero que isso seja importante para que a população possa cobrar depois. É tão importante quanto a transparência dos gastos públicos.

- Por falar em transparência, espero que a prestação de contas do candidato Camilo seja correta porque segundo o site do TSE, sua coligação gastou somente 23 mil reais até a metade do 1º turno. E pela campanha vista no 2º turno, pela qualidade e quantidade do material, é de se esperar que os valores finais sejam muito maiores que esse. Um bom início da aplicação da Lei da Transparência começa por essa prestação de contas de campanha.

- Espero sinceramente que Camilo não cometa os erros do passado, tanto do governo WG/PP quanto do governo do seu pai. Creio que ninguém quer a “Harmonia” de volta, mas tenho certeza que niguém quer guerras e brigas.

- Para finalizar esse post, desejo boa sorte a Camilo. Apesar de eu ter votado em Lucas por acreditar que seu projeto para o Amapá era melhor, estarei torcendo para que o Camilo mostre que eu estava errado. De minha parte e de todos que não votaram nele, temos que fiscalizar para garantir que nosso Amapá saia maior e melhor do que entrou nessa eleição.

- Boa sorte, governador.

Números da eleição no Amapá

Alguns números da eleição no Amapá:

- Camilo ganhou em 7 municípios: Macapá, Laranjal do Jari, Oiapoque, Vitória do Jari, Itaubal, Ferreira Gomes, Cutias.

- Lucas ganhou em 9 municípios: Santana, Mazagão, Porto Grande, Tartarugalzinho, Calçoene, Amapá, Água Branca do Amapari, Serra do Navio, Pracuúba.

- Proporcionalmente, Lucas cresceu mais em Macapá que Camilo. O candidato do PTB teve um aumento de 70% enquanto o governador eleito cresceu 59% na capital.

- Santana teve um crescimento homogêneo de ambos os candidatos: Camilo cresceu 75% e Lucas, 76%.

- A grande virada foi em Laranjal, onde Lucas teve menos votos que no 1º turno e Camilo cresceu 157%.

- A maior vitória de Camilo foi em Laranjal do Jari (64,40% dos votos válidos) e a maior vitória de Lucas foi no Amapá (64,22%).

- Proporção de votos em Macapá e Santana, juntas, foi semelhante aos outros municípios do interior: Camilo 54% x 46% Lucas (Macapá e Santana) e Camilo 53% x 47% Lucas.

26 outubro 2010

Carta Aberta de FHC

Recebi esta carta aberta do presidente Fernando Henrique Cardoso. Quero compartilhar com os leitores deste blog. Deixe as paixões de lado e leia sob a luz da razão. Boa leitura.

Sem medo do passado

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo?

Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se  deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010.

“Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”. (José Eduardo Dutra)

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

Fernando Henrique Cardoso

24 outubro 2010

Mentira como método

Merval Pereira em O Globo

O PT estabeleceu um método de atuação política nos últimos anos que, por ter dado certo do ponto de vista de resultados, passou a ser um parâmetro a balizar os seus concorrentes, o que lhe dá vantagens claras.

O partido, apesar de todas as encrencas em que se meteu, é a legenda preferida de 25% dos eleitores, e o PMDB vem em segundo com menos de 10%.

É claro que a presença de Lula no governo dá ao partido essa preferência, que pode desaparecer com o fim do mandato do presidente mais popular da História recente do país. Mas é essa popularidade que dá também ao governo a possibilidade de nivelar por baixo a atividade política, utilizando a mentira como arma eleitoral.

Um exemplo típico é o debate sobre privatizações, que havia dado certo na eleição de 2006 e hoje continua dando resultados, embora mais modestos, já que o PSDB perdeu o medo de assumir as vantagens da privatização para o desenvolvimento do país, embora ainda timidamente.

Logo depois da eleição de 2006, o marqueteiro João Santana, o mesmo que comanda a campanha de Dilma hoje, deu uma entrevista a Fernando Rodrigues, da “Folha”, revelando que a discussão sobre as privatizações fora utilizada como uma maneira de reavivar “emoções políticas” no imaginário do brasileiro comum.

O erro de Alckmin, ensinava Santana na entrevista, foi “não ter defendido as privatizações como maneira de alcançar o desenvolvimento”.

Santana admitia na entrevista que a impressão generalizada de que “algo obscuro” aconteceu nas privatizações, explorada na campanha de Lula, deveu-se a um “erro de comunicação do governo FH, que poderia ter vendido o benefício das privatizações de maneira mais clara. No caso da telefonia, teve um sucesso fabuloso.

As pessoas estão aí usando os telefones”.

Perguntado se não seria uma estratégia desonesta explorar esses sentimentos populares que não exprimem necessariamente a verdade dos fatos, João Santana foi claro: “Trabalho com o imaginário da população. Numa campanha, trabalhamos com produções simbólicas.” O tema, como se vê, não era uma bandeira ideológica que Lula defendesse ardorosamente, assim como continua não sendo hoje, mesmo porque o governo Lula privatizou bancos e linhas de transmissão de energia, e até exploração de madeira na Floresta Amazônica, projeto, aliás, aprovado com o apoio de várias ONGs e do PSDB.

Na campanha atual, a candidata do PT continua demonizando as privatizações com frases que não combinam com a realidade de seu governo.

No recente encontro com intelectuais no Rio, ela disse em tom exaltado, provocando aplausos generalizados: “Fazer concessões no pré-sal é privatizar, é dar a empresas privadas um bilhete premiado.” Se, entre intelectuais, Dilma pode dizer semelhante absurdo e ainda ser aplaudida, o que dizer entre os eleitores mais desinformados sobre o assunto? Será que aquela plateia não sabia que o governo Lula já licitou, utilizando o sistema de concessão, vários blocos do pré-sal sem que houvesse necessidade de fazê-lo se realmente considera que estava privatizando o pré-sal? A acusação de que o candidato tucano, José Serra, privatizou a Companhia Siderúrgica Nacional, além de equivocada no tempo — o que valeu ao tucano um direito de resposta — está errada no conteúdo.

A privatização se deu no governo do hoje senador eleito Itamar Franco, que era contrário à ideia. Quem liderou a pressão para a venda foi a Força Sindical, central que hoje está integrada ao governo Lula.

Com relação à privatização da Vale, a história real é ainda mais estarrecedora.

O governo teve uma ocasião perfeita para reverter a privatização da Vale, se quisesse.

Foi em 2007, quando o deputado Ivan Valente, do PSOL, apresentou um projeto nesse sentido que foi analisado na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara.

O relator do projeto foi o deputado José Guimarães, do PT, aquele mesmo cujo assessor fora apanhado com dólares na cueca num aeropor to na época do mensalão.

Pois o relator petista votou pela rejeição ao projeto de lei, alegando em primeiro lugar que “não há como negar que a mudança das características societárias da Companhia Vale do Rio Doce foi passo fundamental para estabelecer uma estrutura de governança afinada com as exigências do mercado internacional, que possibilitou extraordinária expansão dos negócios e o acesso a meios gerenciais e mecanismos de financiamento que em muito contribuíram para este desempenho e o alcance dessa condição concorrencial privilegiada de hoje”.

Segundo o petista, “a privatização levou a Vale a efetuar investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, (...) o que, naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional”. José Guimarães assinalou que com a privatização a Vale fez seu lucro anual subir de cerca de 500 milhões de dólares em 1996 para aproximadamente 12 bilhões de dólares em 2006.

E o número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização — em 1996 eram 13 mil e em 2006 já superavam mais de 41 mil. Também a arrecadação tributária da empresa cresceu substancialmente: em 2005, a empresa pagou dois bilhões de reais de impostos no Brasil, cerca de 800 milhões de dólares ao câmbio da época, valor superior em dólares ao próprio lucro da empresa antes da privatização.

Se o candidato tucano, José Serra, simplesmente lesse o relatório do deputado petista em um debate, ou na propaganda eleitoral, estariam respondidas todas as acusações da campanha adversária.

18 outubro 2010

A oportunidade do Amapá

Por Charles Chelala - Economista, professor, Mestre em Economia Regional

A situação atual do Estado do Amapá não parece nada animadora, com altos índices de desemprego, obras paralisadas e medíocres indicadores sociais.

Entretanto, o futuro tende a ser promissor diante de diversos fatores que, se forem aproveitados pelo próximo governo, promoverão um salto no desenvolvimento econômico e na geração de emprego e renda locais.

No período de governo que sucede ao atual, deverão ser implantadas em definitivo a Zona Franca Verde e a Zona de Processamento de Exportações, dois regimes aduaneiros especiais que conferirão vantagens consideráveis ao Amapá na atração de investimentos privados.

Também nos próximos anos serão construídas três hidrelétricas, uma no Jarí e duas no Araguari (duas delas já leiloadas e uma em processo de licenciamento ambiental) que juntas investirão mais de R$ 3 bilhões no Amapá, gerando aproximadamente 7,5 mil empregos diretos. As usinas e a interligação ao sistema nacional de eletricidade devem resolver o problema histórico de energia para novos empreendimentos.

A soma de investimentos públicos previstos para o próximo período também deverá ser inédita, com recursos federais (PAC), empréstimo do BNDES e aumento da capacidade de investimento próprio do Estado.

No comércio exterior, alguns dos principais produtos de nossa pauta de exportação apresentam tendência de preços e demanda crescentes, como o minério de ferro, o manganês, a cromita e o açaí, ampliando a geração de divisas e, dependendo de uma ação eficaz do futuro governo, deixem de ser exportados em sua forma primária e passem por processos de industrialização.

O Amapá também reúne condições ideais para ingressar no agronegócio da produção e beneficiamento de óleo de palma (dendeicultura), um dos setores que mais cresce no mundo.

Igualmente se espera para breve o aproveitamento econômico de recursos da biodiversidade e o usufruto de compensação financeira por redução de desmatamento e degradação, via créditos de carbono no mercado internacional.

Aqui foram apresentadas apenas algumas das oportunidades que se abrem para o Amapá. Para aproveitá-las, será necessário que o próximo governador tenha visão estratégica para transformar a matriz econômica deste Estado, no sentido de potencializar o desenvolvimento econômico.  Esta é a chance de começarmos a superar a economia do contracheque.

13 outubro 2010

Por que Lucas Barreto?

Daqui a alguns dias estaremos escolhendo quem sentará na cadeira mais importante do Palácio do Setentrião nos próximos 4 anos.

Decidi escrever este post como uma carta aberta aos leitores amapaenses deste blog declarando meu apoio a Lucas Barreto para governador do nosso estado.

Confesso que é difícil tomar posição e mostrar a cara quando se trata de política. A dificuldade está no fato de a política despertar muitas “paixões” e você pode ficar marcado por apoiar A e não B. Mas acredito que política é muito importante para a vida de todos nós, quer gostemos ou não, que acho necessário que tomemos uma posição pois é nosso voto que decidirá qual futuro teremos nos próximos anos.

Os leitores que acompanham esse blog (pessoal, estritamente pessoal, até no nome dele “Blog do Eldo”) têm acompanhado nos últimos 2 meses meus questionamentos e minhas buscas para escolher meus candidatos. Agora mostrarei porque escolhi Lucas Barreto como minha opção para o governo do Amapá.

Antes da campanha, eu tendia a votar em Lucas por conta de seu vice, o empresário Jaime Nunes. Fui voluntário da Junior Achievement, ONG que busca desenvolver o espírito empreendedor em crianças e jovens, e lá pude conhecer um pouco mais sua história. Ele foi o responsável por trazer essa ONG para o Amapá e é, desde então, o presidente do conselho e mantenedor (junto com outras empresas). O trabalho da Junior Achievement é digno de elogios e a dedicaçãvao do Jaime nesta causa me impressionou. Além disso, conheço algumas pessoas que trabalham com ele na Domestilar e pela Junior Achievement e todas sempre tecem elogios a Jaime e demostram grande admiração por ele.

Além disso, sempre achei que um bom e grande empresário pode contribuir muito para a administração pública com as boas práticas da iniciativa privada e a implantação da meritocracia para composição da equipe de trabalho. Outro fator que considero positivo é não ter os vícios dos políticos profissionais, aqueles que dependem da política para sobreviverem.

Durante a campanha, os embates do período eleitoral, as outras candidaturas plantaram boatos de que Jaime, como vice governador, iria impedir que as Casas Bahia viessem para o Amapá. Ora, primeiro que ninguém tem como impedir que uma grande empresa do varejo se instale em qualquer estado que seja. Segundo, quem disse que a empresa do Sr. Michel Klein quer se instalar no Amapá? Com cerca de 40 anos de história, as Casas Bahia não estão presentes nem da própria Bahia. Por que ela escolheria justamente o Amapá? Boatos e terrorismo baixos de campanha.

Portanto, por acreditar que Jaime é uma boa novidade para a política amapaense, voto em Lucas.

Uma crítica que fazem a Lucas é o fato de ser aliado de Sarney. Desde que Sarney chegou ao Amapá, em 1990, todos os candidatos que chegaram ao poder tiveram seu apoio, inclusive João Alberto Capiberibe. Não se pode negar que ele tem influência na política local, gostemos ou não disso, e eu não gosto. Atualmente, ele está na metade de seu 3º mandato de senador e, sinceramente, creio que este será seu último mandato. Desta eleição, alguns nomes de peso sobraram da disputa (Waldez, Capiberibe, Papaléo e outros) e poderão vir a serem adversários fortes para Sarney. Afinal, em 2004, a então quase desconhecida Cristina Almeida quase ganhar do velho coronel. Por isso acho que em 2014, Sarney ficará de fora.

Outra coisa importante a se falar em relação a Sarney é que um estado como o Amapá, pobre e que precisa muito de sua bancada para conseguir recursos federais, não pode prescindir de um de seus senadores. É importante para o Estado que o governador eleito tenha o mínimo de convivência com a bancada federal para que os recursos cheguem por essas bandas. E queiramos ou não, Sarney ainda é senador pelo Amapá e brigas políticas e pessoais não podem estar a frente dos interesses dos amapaenses.

Durante a campanha, surgiu um vídeo de uma viagem de Lucas à África fazendo um safari de caça. No vídeo, ele aparece abatendo animais selvagens. Seus adversários no pleito distribuiram CDs com o vídeo e várias pessoas receberam email com o link do vídeo. Essa talvez tenha sido a maior bobagem de toda a campanha. Todo o mundo sabe que esse tipo de turismo existe e que é muito comum na África. Mais importante que isso, não há nenhuma ilegalidade em fazer esse tipo de safari. Há diversas agências de turismo que vendem pacotes, e nem por isso as pessoas que fazem essa viagem são presas ou execradas ao voltar ao Brasil. Isso é uma tremenda bobagem.

Outro motivo que me leva a escolher Lucas nesse segundo turno é a importância que dou a alternância de poder para o bom desenvolvimento da nossa democracia e do nosso estado. Nos últimos 20 anos, algumas poucas famílias deram as cartas na política local. Capiberibes, Góes, Dias. Basta! Nosso povo é plural e acho arriscado para o estado que haja essa concentração de poder em torno de sobrenomes.

Acredito que Lucas e Camilo têm, ambos, boas propostas para governar o Amapá. Afinal, não chegaram a este 2º turno na base de fantasia e bons trabalhos dos seus marqueteiros. Suas campanhas foram vitoriosas no 1º turno porque nós, eleitores, acreditamos nas suas propostas e vimos neles aqueles que podem fazer do Amapá um estado melhor e mais desenvolvido. Mas minha opção pessoal por Lucas é por acreditar que ele representa, realmente, o novo. Seu trabalho como presidente da Assembléia Legislativa, quando organizou e saneou uma instituição que estava envolta em dívidas e falta de credibilidade, me faz ter certeza que ele está preparado para ser o governador do Amapá. Seu diálogo fácil com o povo e sua capacidade de liderar, focado nas necessidades da população me fazem crer que ele é a melhor opção.

Camilo é um grande político, representa muito bem seu pai e sua mãe, tem boa formação e acredito que tem muito a contribuir para o crescimento do estado, mas não vejo essa como sendo sua hora. ACREDITO, sinceramente, que AGORA É LUCAS.

12 outubro 2010

Por que Serra?

1) O Brasil poucas vezes teve um candidato tão preparado política e tecnicamente para ser presidente.

2) Serra tem 40 anos de vida pública e 25 de cargos eletivos e nunca teve nenhum caso de corrupção ligado ao seu nome.

3) Ele não é FHC. E olha que admiro o FHC pra caramba! Ele é mais progressista q o FHC e mais preparado também.

4) Por todos os cargos que foi eleito e/ou trabalhou, o Serra sempre conseguiu dar resultados positivos. Seja como vereador, dep federal, senador, prefeito, governador, secretário de planejamento, mininstro do planejamento, ministro da saúde.

5) Ele não aparelha a máquina dos governos nos quais trabalho. Sempre privilegiou o técnico.

6) Apesar do mito criado pelo PT de que ele é centralizador, isso não é verdade. Vide o texto da Soninha Francine, que era do PT e trabalhou com ele.

7) O Serra tem luz própria, realizações próprias e história política

8) Se a Dilma ganhar, em janeiro, acaba o lulismo e começa o petismo de Dirceu, Berzoini, Genoíno, com a força do PMDB de Michel Temer, Sarney e Renan e sua corja.

9) A Dilma não tem o peso político para suportar as pressões e escândalos que o Lula suportou.

Há 16 anos atrás, o Brasil era outro. FHC fez as medidas necessárias naquela época pro Brasil poder crescer agora. Ele correu o risco de ser impopular (e acabou sendo) para fazer os ajustes que o Brasil precisava. Ele não foi populista, foi, sim, responsável.

O Lula só pode fazer o governo dele do jeito que foi porque FHC arrumou o Brasil para o crescimento. Mas o Brasil poderia ter avançado mais do que avançou nesses 8 anos de lulismo. Assim como pode mais e o Serra é indiscutivelmente o melhor pra isso.

Se o Lula fosse o Collor, já não seria mais presidente. Lembram que o Collor sofreu impeachment pq fez caixa 2 e usou dinheiro publico pra fazer a casa da dinda e comprar bens pra si? O que o Lula fez não foi muito pior que isso? Claro q foi. Mas o Lula é um mito por conta da sua historia de vida e praticamente nada grudou nele.

Dilma não é mito e será desmacarada em menos de 6 meses de governo se ela ganhar. Não tem jeito. Com Dilma o Brasil retrocede uns 20 anos.

Meu filho já engatinha!

Confesso: Sou babão pelo meu filho Arthur!

Mas me digam se não há motivos?

Agressão gratuita e sem necessidade

Tenho acompanhado, confesso, ainda um pouco perplexa, a campanha difamatória que o Programa Café com Notícia e os blogs de Alcilene e Alcinéa Cavalcante vêm sofrendo nos últimos dias. A jornalista Márcia Corrêa, com quem cursei faculdade de jornalismo e divido a apresentação do programa, todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, há três anos e meio, na Rádio Equatorial, 94,5 FM, “ousou” fazer uma pergunta sobre alianças políticas ao candidato do PSB ao governo do Estado e logo uma rede articulada entrou em ação.

Desde que entramos no ar, procuramos cumprir com responsabilidade o nosso papel de jornalistas. Embora tenhamos opinião sim, sobre os mais diversos assuntos, procuramos utilizar uma estratégia discursiva, escolhendo fontes confiáveis, selecionando falas qualificadas, abordando o ângulo da notícia o mais amplo possível e reproduzindo as vozes, que representem os vários lados da informação.

Conhecer esses caminhos é importante, pois dessa forma buscamos, ao utilizar uma multiplicidade de meios, equilibrar o volume de informações repassadas aos nossos ouvintes, para que cada um faça a interpretação que julgar apropriada, e assim forme a sua própria opinião. Não temos a pretensão de “fazer a cabeça” de ninguém, porque apostamos na inteligência e capacidade de elaboração das pessoas que nos ouvem.

Como disse anteriormente, a tarefa não é fácil. Rótulos são facilmente colocados e a rapidez dos fatos, aliada ao dinamismo do rádio torna tudo ainda mais perecível e arriscado. Optamos pelo canal direto com a comunidade, por meio de participações ao vivo e mensagens que chegam a cada instante, tornando o cidadão uma espécie de pauteiro e fonte permanente. Abrimos democraticamente o nosso espaço radiofônico para que o debate ocorra da forma mais democrática possível.

As falhas, naturais do processo, procuramos corrigir a cada dia fazendo um exame dos nossos comentários e das matérias que levamos ao ar. Aceitar a crítica é o mínimo, providenciar acertos e corrigir as falhar, é obrigação. Não me espanta o artigo com críticas, mas o tom utilizado, as acusações descabidas e a lamentável estratégia utilizada de divulgação e repetição de mentiras e especulações difamatórias e injuriosas, justamente dos que sempre se disseram vítimas de tais práticas.

A estratégia de desqualificação do Café com Notícia é pensada e articulada sim! Prova disso é que o artigo que tenta denegrir o programa e as jornalistas já citadas, foi distribuído de forma combinada pela assessoria de imprensa do gabinete da Deputada Janete Capiberibe, indevidamente pelo mailing da assessoria de imprensa da Fecomércio e ganhou eco no blog Notícias Daqui, braço digital do partido. Portanto, não foi uma atitude isolada do colunista, como alguns tentam fazer crer.

É assim que funciona a velha prática de desmoralizar quem não está à serviço de quem acusa. Eles vão de um extremo ao outro com a mesma velocidade e desenvoltura, como se tivessem o poder de “abençoar” inimigos, outrora veementemente criticados, e condenar os que de alguma forma, ou por qualquer motivo simplesmente negam dizer amém. O episódio é lamentável e incompatível com os novos tempos que se espera na política local, com diz o sociólogo Hélio Jaguaribe, “no Brasil já não há mais espaço para radicalismo”.

Ana Girlene Oliveira - Jornalista

09 outubro 2010

Empresários na política

Autor: Charles Chelala - economista, professor e Mestre em Desenvolvimento Regional

Um tema tem suscitado debates nas presentes eleições para o governo do Estado Amapá: o fato de uma das chapas ter escolhido um bem sucedido empresário local para ser candidato a vice-governador. Gostaria de contribuir nesta discussão.

Quero de pronto afastar algumas falácias, tais como o empenho deste empresário em impedir a instalação em Macapá de uma rede nacional de móveis e eletrodomésticos. Esta premissa é falsa, pois uma empresa comercial decide sua localização conforme o potencial do mercado e os custos de logística. Esta rede nacional está implantada em apenas dez Unidades da Federação e não atua no Ceará, nem no Pará e nem no Amazonas, uma vez que são Estados nos quais o mercado e os custos não compensam. Por que, então, estaria interessada no Amapá? Além disso, que força teria um empresário local contra um dos maiores grupos nacionais?

Outra tergiversação é o fato de que um empresário estaria interessado em se apropriar de recursos públicos para proveito próprio. Neste campo, convenhamos, os políticos profissionais são muito ágeis, como comprovam as últimas operações da Polícia Federal. Para impedir a ocorrência desses desvios, seja de político ou de empresário, devem ser adotados todos os meios para tal, tanto os de controle interno, quanto os de controle social dos recursos públicos.

Assim, vamos ao que realmente é relevante: a presença de um empresário local na cúpula do governo pode ser interessante.

Primeiramente, sabemos que no Amapá reina a “economia do contracheque” e há carência de espírito empreendedor. É preocupante constatar que, para a maioria dos acadêmicos o grande anseio é o de entrar no serviço público. Nada contra, mas poderíamos ter mais estudantes de administração, economia e contabilidade (entre outras), pensando em abrir e tocar seu próprio negócio. A presença de tino empresarial no governo ajudará a estimular o empreendedorismo no Amapá.

Além disso, a gestão empresarial no governo atuará para criar o ambiente favorável para o desenvolvimento de negócios no Estado, com regras, estímulos e condições para atrair investimentos e impulsionar as empresas locais de todos os portes.

Sabe-se também que, por conta da acirrada concorrência no mercado, a gestão empresarial é decisiva para o sucesso, que só é atingido por gestores que saibam aplicar bem os recursos, com economia e eficácia. Esta postura seria muito bem-vinda na administração pública, usualmente perdulária e ineficaz.

Afastando os estéreis factóides típicos de época eleitoral, este é o debate que interessa ao eleitor esclarecido.

Bom Círio a todos!

24 setembro 2010

Água: Além do Debate Político

Eldo Silva dos Santos - Engenheiro Químico formado pela UNICAMP, Especialista em Gestão Empresarial pela FGV e Mestrando em Biodiversidade Tropical pela UNIFAP

O debate de candidatos ao governo do Amapá promovido pelas faculdades CEAP e SEAMA na 3ªfeira, 21/09, ainda reverbera nas rádios e no twitter, principalmente por conta de um tema: Abastecimento de Água.

O tema foi levantado pelo candidato Jorge Amanajás quando questionou o candidato Lucas Barreto sobre a solução “técnica” para resolver os problemas de abastecimento de água em Macapá. Na sua resposta, Lucas propôs a construção de uma estação de tratamento de água para a Zona Norte da capital com captação a partir dos Rios Pedreira ou Matapi e justificou sua proposta baseado numa melhor qualidade da água destes rios em relação ao Rio Amazonas e no desnível entre esta área da cidade e o Amazonas, que chega, segundo ele, a 35 m enquanto os rios citados estariam no mesmo nível ou até mesmo acima do nível da Zona Norte.

Discutiu-se amplamente desde então sobre a viabilidade da proposta de Lucas. Chegaram a chamar de non sense e mirabolâncias as proposições do candidato. Não concordo. Em um debate eleitoral, novas propostas são sempre bem-vindas e merecem que sejam discutidas para se ter a melhor solução para a população. Entendo que faz parte do jogo político discordar de tudo que os adversários políticos de momento apresentam afinal ninguém quer dar motivos para o outro se sobressair. Mas a discussão não pode ficar só no meio político.

Tecnicamente falando, têm-se algumas possibilidades para resolver o problema de falta de água em Macapá.

  1. Manter a atual estrutura, com a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Beirol e 4 Sistemas Isolados (SI) – Perpétuo Socorro, Cuba de Asfalto, Cabralzinho e Congós é possível, mas serão necessários grandes investimentos em toda a cadeia produtiva da água tratada, ou seja, captação, modernização da ETA e dos SI, que estão praticamente sucateados, e na rede de distribuição que é antiga e com muitos vazamentos e incrustrações.
  2. Construir de nova ETA na Zona Norte com captação a partir do Rio Amazonas para abastecer os bairros daquela região enquanto a atual ETA e SI serviriam para abastecer os bairros do centro e da Zona Sul.
  3. Semelhante ao proposto na opção anterior mas com captação da nova ETA nos rios Pedreira ou Matapi, como proposto pelo candidato Lucas Barreto no debate.

Há outras possibilidades, mas ficarei na análise dessas 3.

Qual das opções é a mais viável? Não se pode afirmar sem dados técnicos conclusivos. Se há realmente o desnível significativo entre o Rio Amazonas e a Zona Norte, o custo de energia para a distribuição da água seria elevado pois se precisaria de bombas mais potentes. A opção 1, de manter a estrutura atual, requer grandes investimentos para recuperação do que aí está. Precisaria avaliar se esses investimentos são maiores ou menores do que construir uma nova ETA mais moderna e até mesmo mais compacta na Zona Norte.

Se os Rios Pedreira ou Matapi têm, realmente, elevação mais próxima a da Zona Norte isso representaria uma redução no consumo de energia, mas, em contrapartida, a distância entre o ponto de captação e a ETA pode eliminar essa economia.

Quanto à qualidade da água do Rio Amazonas e dos Rios Pedreira ou Matapi, é notório que nosso Rio Amazonas sofre muito mais pressões do homem que os outros dois rios visto que praticamente todo o esgoto de Macapá e Santana é lançado nele e com pouco tratamento. Outros parâmetros são importantes, como o pH, a turbidez, a cor, sólidos suspensos, ferro. Se os Rios Pedreira e Matapi apresentarem, em estudos detalhados, maior qualidade que o Rio Amazonas, a viabilidade de tal proposta se daria pela economia ao longo do tempo com a redução dos custos de aquisição de matérias primas para o tratamento (sulfato de alumínio, cal, cloro).

No Brasil, há vários exemplos de ETAs que fazem a captação em locais distantes por questões de uma qualidade melhor da água. Pode-se duvidar da capacidade desses rios menores em abastecerem nossa capital, mas, por exemplo, em Campinas-SP, o abastecimento é feito a partir do Rio Atibaia que é menor que esses nossos 2 rios e note que Campinas tem mais de 1milhão de habitantes. Macapá tem, perto de 500 mil.

Enfim, não se pode descartar nenhuma proposta. A escolha da melhor delas deve se da por critérios técnicos e sem paixões políticas. O embate político tem que se manter em bom nível e não se pode desprezar a inteligência dos eleitores ou explorar o desconhecimento dos leigos. Outra coisa que não se pode admitir é a patrulha sobre a opinião contrária. Ao se fazer isso, perde-se a oportunidade de enriquecer nosso aprendizado e de melhorar a vida do nosso povo.

18 setembro 2010

FHC x Lula. PSDB x PT

Caiu a Erenice Guerra, (ex-)ministra da Casa Civil de Lula. Mais uma denúncia de corrupção atinge o governo do PT e ainda assim o presidente tem popularidade recorde e sua candidata lidera pesquisas para próxima eleição. Por quê?

Lula é o presidente mais ensaboado da história do país. Todas as denúncias contra ele não pegaram e não vão pegar. E ele ainda tem a capacidade de apontar o dedo para alguém e transformar esse alguém no favorito para sucedê-lo. É realmente um fenômeno. Mas isso se explica. Lula chegou a presidência depois de 3 derrotas eleitorais. Na 1ª eleição, 89 era o sapo barbudo, ignorante e broco que foi derrotado pelo mauricinho caçador de marajás. Em 94 e 98, perdeu no 1º turno para FHC. Em 2002, mudou a tática, passou a ser o “Lulinha Paz e Amor” e, finalmente, era o presidente do Brasil. Chorou na posse. Discursou cometendo muitos erros de português. Criou uma áurea mitológica que perdura até hoje.

Quanto mais batem nele, quanto mais acusações aos crimes cometidos em seu governo vem à tona, mais o povão fica com pena. Ele faz seus discursos populistas – sua especialidade – e o povão gosta.

Seu grande mérito foi dar continuidade a política econômica herdada de FHC e ampliar os programas sociais (que já eram referência mundial em 2002, ressalte-se!). Também teve a sorte de encontrar o mundo em uma bonança econômica que não se via há muitas décadas. A única grande crise econômica mundial que abateu seu governo ocorreu já na metade de seu 2º governo, o que deu tempo para solidificar os avanços iniciandos com o plano Real de FHC e Itamar, plano, aliás, que o PT e Lula foram opositores de primeiríssima hora.

FHC pegou um país que vinha da chamada “década perdida”, que foram os anos 80, e do desastre institucional que foi o governo Collor. O Brasil precisava ser reconstruído na sua economia e nas suas instituições e nenhum petistas ou lulista pode negar os imensos méritos dos governos de FHC nessa retomada do Brasil como um país viável. Não espero que eles escrevam na caixa de comentários  concordando comigo, mas que essa é a realidade, isso não se pode negar.

O grande problema de FHC e do PSDB é que eles não sabem e nem souberam ser populares. Não sabem falar a linguagem do povo, mesmo que sua contribuição tenha favorecida todo o povo brasileiro. E quem ganha eleição é quem tem o voto das classes D e E. E Lula tem esse voto. Infelizmente.

Já postei aqui sobre o que pode acontecer se Dilma ganhar. Não vou, com esse blog, conseguir influenciar muita gente mas quero que quem leia este post reflita e perceba que temos que ser mais racionais nas nossas escolhas nestas eleições. Deixar ser levado pela emoção quando o que precisamos é de racionalidade pode ser um desastre para o Brasil. Pense nisso. Boa tarde.

15 setembro 2010

O Socialismo nivela por baixo

Aula de Administração de Adrian Rogers em 1931 que permanece válida até hoje.
Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.
Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo. '
O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."
Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas. ' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...
Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".
Ninguém gostou.
Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".
As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram o ano... Para sua total surpresa.
O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.
Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.
"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós.
Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."
"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.
Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.
O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

14 setembro 2010

Pesquisa IBOPE após Operação Mãos Limpas

Nova pesquisa IBOPE divulgada hoje na TV Amapá mostra o impacto imediato da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal no quadro eleitoral amapaense.
A pesquisa foi realizada entre os dias 10 e 12 de setembro, justamente no período em que ocorria a operação da PF. Ela está registrada no TRE-AP sob o número 7156/2010 e a margem de erro é de 3%.
Não sei se o IBOPE já tinha planejado ir a campo nesse período, mas foi providencial esta pesquisa para medirmos o impacto da ML no período eleitoral amapaense.  Vamos aos números para governador (brancos/nulos – 3%, Indecisos – 10%).
pesquisa governador
O que  salta aos olhos é o crescimento consistente de Lucas (6 p.p.) e a inversão entre Pedro Paulo e Camilo. Pela margem de erro, Camilo passa a disputar uma vaga no 2º turno com Jorge Amanajás. Pedro Paulo dependerá muito dos desdobramentos das investigações da Mãos Limpas, mas creio que mesmo com a máquina na mão, há uma indignação se revelando mesmo naqueles que ocupam cargos na sua administração.
Uma coisa é certa, o debate da TV Amapá às vésperas do 1º turno serão sangrentos. Aguarde e confira.
pesquisa senador
A disputa para o Senado não será menos sangrenta.
O número de indecisos caiu signficativamente entre esta e a última pesquisa (de 40 para 20%) e houve um crescimento significativo das candidaturas de Capi, Randolfe e Gilvam, que subiram 9 p.p., (pasmem!) 15 p.p. e 8 p.p, respectivamente. Waldez variou dentro da margem de erro, aparententemente ainda não sofreu os impactos da operação da PF.
Meus caros, preparem-se para as cenas dos próximos capítulos. Será que Gilvam vai bater em Waldez, afinal ele foi seu aliado durante quase todo seu governo? Qual o teto de Capi e Randolfe? Acredito que Randolfe tem baixa rejeição e seu crescimento foi realmente expressivo em tão pouco tempo. E Waldez, como se sairá após ser libertado? Desde o início do Horário Eleitoral sua queda tem sido contínua e ele tem observado o crescimento de seus concorrentes. Sinceramente, está parecendo “cavalo-paraguaio”.
É esperar para ver.

10 setembro 2010

Quando os homens de preto vêm…

policia_federal
Hoje foi deflagrada a Operação “Mãos Limpas” da Polícia Federal. Foram presas 18 pessoas, entre elas o governador Pedro Paulo, sua esposa, Denise, Waldez e Marília Góes (ex-governador e esposa), Julio Miranda (presidente do TCE), entre outros. A lista de nomes ainda não foi divulgada oficialmente e, enquanto isso não ocorre, mais da metade de Macapá já está presa.
Confesso que fiquei eufórico com esta operação da PF. Não pelas pessoas que foram presas. Inclusive tenho relação pessoal com algumas delas. O que me deixou feliz foi ver que as pessoas que não sabem lidar com o poder e as facilidades que ele traz também podem ser punidas. Sei que essas operações quase nunca dão resultados efetivos para o ressarcimento do Erário mas pelo menos o constrangimento por terem sido acusados de roubar NOSSO dinheiro e serem presos ficará marcado na vida dessas pessoas.
Nossa política tem que ser desinfetada. Os ruins, corruptos e despreparados tem que ser defenestrados, enxotados dos gabinetes e cargos, seja por vias democráticas (eleições) seja por vias criminais. Não dá mais!
Nós que fazemos nossa parte, pagando nossos impostos, tendo uma vida correta, batalhando nosso dinheiro no dia-a-dia, buscando passar princípios corretos para nossas crianças, temos que comemorar quando as máscaras caem e aqueles que se aproveitam da posição que tem para proveito próprio pagam por seus erros. Por mim, sinceramente, deveriam ter suas fotos vestidos com roupas de presidiários expostas em jornais, na internet, nas seções eleitorais, onde quer que seja para que nos lembremos quem são e que não merecem nenhum pouco de nossa pena e compaixão.
Desculpem-me o tom, mas estou eufórico.
Que seja feita justiça. A verdadeira justiça!

07 setembro 2010

05 setembro 2010

O Pato e o Pavão

Meu orientador me contou essa fábula e achei interessante. Pesquisei o original no google e agora compartilho:
Clássicos do Mundo Corporativo: A soma do bom trabalho com a boa imagem é o marketing pessoal 

O pato é uma ave que sabe andar, voar e nadar, mas não é um modelo em nenhuma das 3 coisas. O andar do pato é desajeitado. O pato nada devagar, e voa muito mal.
Muitos funcionários sabem que não são patos. E têm a certeza, de que não nasceram para pato. Mas são tratados pelos chefes como se fossem patos: lentos e incompetentes. Qual é o remédio para escapar da síndrome do pato? É começar entendendo a síndrome do pavão.
O pavão anda mais devagar que o pato, e quem é que já viu um pavão nadando ou voando? Mas, quando alguém tem uma máquina fotográfica, e vê um pato e um pavão, vai sempre fotografar o pavão. Embora seja menos competente, o pavão aparece mais, porque sabe se pavonear, ou seja, o pavão tem o que o pato não tem: marketing pessoal.
É claro que o pavão não tem a mínima idéia do que seja marketing pessoal. O pavão é uma obra da natureza, e não de seus próprios talentos. Já o funcionário tem essa opção. Ele precisa aprender a se promover. O termo auto-promoção tanto pode significar querer aparecer de graça, às custas dos outros, o que é reprovável, ou divulgar de maneira eficaz o próprio trabalho, o que é recomendável.
O bom marketing, seja ele de um produto ou de um funcionário, está assentado sobre 3 pilares:
Primeiro, é preciso que o maior número possível de pessoas saiba o que eu faço.
Segundo, é preciso que essas pessoas se convençam dos benefícios daquilo que eu faço.
E terceiro, se essas pessoas estiverem convencidas, elas divulgarão o que eu faço de bom.
Todas as grandes marcas que conhecemos fizeram e fazem isso. A síndrome do pato é o trabalho sem imagem. A síndrome do pavão é a imagem sem trabalho. A soma do bom trabalho com a boa imagem é o marketing pessoal.



Max Gehringer, para CBN.

03 setembro 2010

CARTA ABERTA DE SOLIDARIEDADE

Pela presente carta aberta presto minha solidariedade a confreira Alcilene Cavalcante, que tem sido vítima de ataques inescrupulosos e pusilânimes de um certo político amapaense, a quem sequer podemos nos referir, sob pena de sermos vítimas de processos, como foi ela.

Considero que a legislação eleitoral em voga, conforme também entendimento de juristas renomados, é uma afronta às liberdades, à democracia e, principalmente, à Constituição Federal, incluive o Art, V, que diz ser "livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença".

O nosso alento é que cabe a nós, neste momento, determinar os rumos da política amapaense, através do instrumento mais poderoso que temos: o voto. Por isso, já decidi. Nele eu não voto!

Renivaldo Costa
Jornalista - Reg Prof. 018/04
Sociólogo - Reg. Prof. 079/10

Maior missão de um homem…

arthur_eldo 

Fiz essa montagem hoje (ontem, na verdade, porque já passou de meia-noite). Meu filho Arthur com 6 meses e eu com 5 meses.

Fiquei muito feliz de ver o resultado. Senti uma paz. Percebi que a maior missão de um homem é criar bem seus filhos porque eles são nossa perpetuação na Terra.

Vou dormir muito bem essa noite!

02 setembro 2010

Esse é o jeito SERRA de governar

soninha_francine2Antes, um preâmbulo:
Soninha Francine é jornalista, comentarista da ESPN e política brasileira.
Foi vereadora pelo PT-SP entre 2005 e 2008. Hoje é do PPS.

Do blog SEM RETOQUES
Soninha Francine abre o jogo
Leando Dalle questionou a Soninha Francine sobre seu apoio ao Serra. Enviamos a mensagem e ela nos enviou a seguinte resposta:
Leandro, posso explicar, sim. Talvez não em poucas palavras, mas em muitas informações sobre o que vi, vivi e aprendi nos últimos anos. Pra não deixar sem nenhuma resposta agora, posso resumir assim:
- Descobri que o meio em que eu vivia - de petistas - inventava muitas barbaridades sobre o Serra. Por que o Serra? Não sei, talvez porque ele tenha sido o candidato do governo à sucessão do Fernando Henrique, portanto rival direto do Lula na disputa presidencial... Porque os petistas já pintavam os tucanos como o fel da terra (e eu, mesmo quando era do PT, achava isso um pouco absurdo), e o Serra como o próprio Satanás. Só que os fatos, mesmo vistos de longe, já desmentiam algumas coisas que diziam sobre ele: como ele podia ser "queridinho" da grande mídia quando comprava briga contra a publicidade de cigarro, por exemplo - que era uma baita fonte de receita para os meios de comunicação? E como ele era parte da elite imperialista internacional, quando foi à OMC e lutou contra os lobbys e cartéis da indústria farmacêutica, conseguindo as quebras de patente em nome da saúde pública dos países mais pobres?
Mesmo com esses fatos, eu acreditava nas versões do PT... Afinal, o PT era o meu partido, eu tendia a concordar com tudo... Pensava: "Ok, eles fez uma ou duas coisas importantes, corajosas, mas nem por isso é uma pessoa decente". O PT dizia que ele era covarde, porque tinha "fugido" da ditadura... Que era um manipulador ardiloso, porque "armou" um flagrante pra Roseana Sarney (se bem que eu já pensava naquela época: o marido da Roseana Sarney tem um milhão e meio de reais de origem desconhecida e a culpa é do Serra?).
Enfim, eu o detestava. Até ser vereadora e ele, prefeito. E descobrir que o demônio que pintavam não era nada daquilo. Mal humorado, impaciente, carrancudo, ríspido demais às vezes? Sim. Mau caráter?
Não.
Em 2005, começo do meu mandato, o Serra me recebeu (a meu pedido), ouviu atentamente tudo o que eu disse e reconheceu que estava equivocado em algumas medidas que havia tomado como prefeito. Na manhã seguinte, desfez o que tinha feito. Depois, me procurou inúmeras vezes para perguntar de assuntos que acreditava que eu conhecesse melhor do que ele - políticas de juventude, meio ambiente, cultura. Cansei de vê-lo pedindo idéias, sugestões, opiniões. O contrário do que diziam dele...
Enquanto isso, o PT - que era o meu partido - continuava inventando, mentindo. Uma barbaridade. Analisava um projeto de lei enviado á Câmara pelo prefeito, concluía que o projeto era muito bom e... No plenário da Câmara, fazia DE TUDO para barrar o projeto. Saía do plenário para não dar quórum, subia na tribuna e passava meia hora falando horrores de um projeto que TINHA CONSIDERADO BOM - apenas para prejudicar "os tucanos" na eleição seguinte. Mesmo assim, mesmo no meio da guerra mais suja - petistas espalhavam mentiras para assustar a população, uma coisa realmente horrorosa - se chegasse um Projeto de Lei de um vereador do PT e ele considerasse o projeto bom para a cidade, ele sancionava (isto é, aprovava). E se chegasse um Projeto de Lei de um vereador do PSDB e ele considerasse o projeto ruim para a cidade, ele vetava. Aliás, nós ficamos amigos, e ele... vetou vários projetos meus. Ou seja, um comportamento REPUBLICANO, de respeito à Casa Legislativa e ao interesse coletivo. Mas o PT continuava espalhando que ele era autoritário, mentiroso, privatista, neoliberal... E que era repressor, "inimigo dos pobres", "amigo das elites", tudo de pior no mundo.
Mas o Serra ia fazendo coisas muito legais na cidade - criou a Coordenadoria da Diversidade Sexual, a Secretaria da Pessoa com Deficiência... O Centro de Juventude da Cachoeirinha, que é do cacete... Pegou um esqueleto que estava lá abandonado desde o Janio Quadros e fez um troço muito legal. Terminou o primeiro trecho do maldito Fura-Fila do Pitta, que também estava abandonado. Voltou atrás na história dos CEUS - porque essa foi uma das coisas que eu consegui convencê-lo de que ele estava errado - e mandou fazer vários outros, mantendo o nome "CEU" (bandeira da Marta...). Idem com os Telecentros - que os petistas diziam que ele "destruir", transformar em Acessa São Paulo, que era bem diferente... Criou a Virada Cultural. Fez os benditos hospitais de Cidade Tiradentes e do M'Boi Mirim - que o PT anunciava que a Marta tinha feito, quando na verdade ela não tinha começado nem a cavar o alicerce... Sem falar que a Marta, que passou os 2 primeiros anos de seu governo sanando as contas da prefeitura detonadas pelo Pitta, passou os dois últimos anos destroçando as contas da prefeitura - e deixou dívidas absurdas, contratos temerários de 20 anos assinados "no apagar das luzes"... O Serra deu muita força para a Secretaria do Meio Ambiente, que sempre era das mais pobrezinhas. E chamou para trabalhar com ele pessoas que tinham trabalhado com a Marta, sem a menor hesitação, sem rancor e ressentimento, porque considerava que elas eram competentes.
Enfim, eu VI, eu testemunhei, condutas absurdas do meu partido - e condutas admiráveis do Serra, que o meu partido pintava como o enviado do capeta.
Resultado: (lembre-se, este é um resumo, a história completa é uma enciclopédia) saí do PT, que foi se distanciando barbaramente dos ideais que pregava, adotando o "vale tudo" (pra governar, pra ser oposição), e fui para um partido de oposição. Que hoje apóia o Serra para presidente, assim como eu.
E eu nem falei do governo do estado... De mais uma seqüência enorme de mentiras e terrorismos, como de costume ("ele vai privatizar o metrô!"; "ele publicou decretos para acabar com a autonomia universitária!"), e, da parte dele, realizações admiráveis, mais ainda para quem ficou 3 anos e pouco no governo (e 1 ano e meio na prefeitura). Uma lista de pontos em que a atuação dele me agrada muito: trens metropolitanos, metrô, meio ambiente, cultura, pessoa com deficiência... E outros mais.
Se você odeia o Serra como eu odiava, eu sei que não vai mudar de idéia assim tão fácil. Não tenho essa pretensão. Mas gostaria que você acreditasse em mim: é com muita convicção que eu voto nele, baseada nos meus 6 anos de vida mergulhada integralmente na política.
Abração
Soninha

Análise da pesquisa IBOPE no AP

No dia 31/agosto saiu nova rodada de pesquisa do IBOPE para Governador e Senador (812 eleitores entrevistados entre 28 e 30/agosto, registro TRE-AP 6606/2010). A margem de erro é 3%.

pesquisa governador

Brancos/Nulos: 4% (julho) e 5% (agosto)

Indecisos: 9% (julho) e 17% (agosto)

Essa pesquisa mostra a influência que o programa eleitoral teve na intenção de voto do eleitor. Para governador, 2 pontos a se ressaltar:

- Estatisticamente, só houve variação fora da margem de erro em relação a Camilo e na quantidade de indecisos;

- Lucas aparece isolado em primeiro, diferente da pesquisa de julho em que havia empate técnico entre ele, Jorge e Pedro Paulo.

pesquisa senador

Brancos/Nulos: 8% (julho) e 7% (agosto)

Indecisos: 16% (julho) e 40% (agosto)

Para o senado, há mais o que se destacar:

- Houve queda acentuada de Waldez (caiu 13 pontos) e Gilvam (caiu 13 pontos, também), bem superior à margem de erro;

- Apesar da queda dos concorrentes, Capi e Randolfe não tiveram aumento nas intenções de voto superior a margem de erro;

- O número de indecisos aumentou significativamente (24%).

Vejo por esses números que, tanto para o Governo quanto para o Senado, o horário eleitoral tem aumentado o número de indecisos. Os candidatos estejam, talvez, conseguindo desconstruir as candidaturas dos adversários mas não estão conseguindo construir suas próprias candidaturas. Ou talvez, os eleitores estejam se indagando sobre a viabilidade de cada candidatura e ainda não tenha se posicionado definitivamente.

Se eu fosse candidato a quaisquer destes cargos eu acordaria 1 hora mais cedo e dormiria 1 hora mais tarde todo dia para correr atrás de voto porque a disputa vai ser realmente dura.

Agora, por favor, candidatos, entendam que o eleitor quer propostas e não fantasias. Pensem nisso.

01 setembro 2010

Lula é pior que Mick Jagger!

Recebi esse vídeo do meu irmão Elber pelo twitter (@elbermcp).

Quem acha que o Mick Jagger é azarado, vai rever seus conceitos depois ver o vídeo.

Sabe o que é pior? O Lula está torcendo pelo Brasil…

30 agosto 2010

Turismo no Amapá: Potencial x Realidade

amapa-03

Muito se fala que Amapá tem um grande potencial turístico. Escuto isso desde que tinha 10 anos (estou com 31). Quando as pessoas falam disso, elas o fazem enchendo a boca, falando com orgulho, mas não deveria ser assim.

O fato de ter um “grande potencial turístico” não significa nada enquanto esse potencial não se tornar uma realidade. Ter belas paisagens para oferecer aos turistas não é suficiente enquanto não tivermos uma infraestrutrura adequado para recebê-los. Faltam hotéis para todos os orçamentos. Nosso aeroporto deveria se chamar “aeroporco” de tão ruim que é. O atendimento, em geral, está abaixo da crítica. Nossas estradas são horríveis. Não dá para negar que houve melhoras desde os meus 10 anos, mas a velocidade com que essas mudanças acontecem me faz imaginar que daqui a 30 anos estaremos só um pouco melhor do que hoje.

Como queremos que nossos turistas conheçam nossas belezas naturais se para chegar em Cutias (porta de entrada da pororoca) ele tem que enfrentar uns 90km de estrada de terra? E para chegar na Cachoeira de Santo Antônio no Jari se uma viagem até lá demore horas demais para deixar uma viagem agradável. Como queremos que se conheça o Rio Araguari e seus encantos se não há esgoto em Ferreira Gomes, Porto Grande e em todos os municípios que são banhados por esse rio belíssimo? E o que falar dos hotéis? Nada!

Em 2000 tive a oportunidade de morar na França e pude passear um pouco por esse país e por outros que lhe são vizinhos. Uma coisa que me marcou em relação ao turismo é que eles estão muito organizados para aproveitar seus potenciais e transformá-los em realidade ($$$). Em qualquer cidade que você vá, seja ela uma vila de uma rua só ou uma grande metrópole, você tem pelo menos um “Escritório de Turismo” com todos os eventos que ocorrerão no mês, informações sobre facilidades para o turista, peças teatrais, programação dos cinemas, festas populares, congressos, como chegar nas principais atrações naturais, … Tudo! Cheguei a ir em uma cidade que tinha 2000 habitantes e peguei um informativo desse que me deixou impressionado. Fora que as cidades são muito mais limpas e organizadas que as nossas. Uma pena.

Enquanto o Amapá tiver só um “grande potencial turístico” e não tiver esse potencial explorado com responsabilidade, continuará sendo um (quase) nada em se tratando de turismo. Pense nisso.

29 agosto 2010

Caros Candidatos

Juro: eu não quero votar branco/nulo. Já escrevi sobre isso aqui duas vezes. Mas ainda não me decidi.

Assistindo a TV, decidi pesquisar para me decidir em quem votar para Deputado Federal e Governador. Entrei no site do TSE para ver as fichas dos candidatos aos cargos. Mas resolvi fazer diferentes. Quero ouvir, ou melhor, ler suas propostas para que eu possa escolher em quem votar em 3/outubro. Tenho conhecidos e parentes que são candidatos, mas não quero dar meu voto por afinidade, somente. Quero votar bem e votar em parente/amigo/conhecido me parece muito simplista. Temos que votar melhor e isso passa por votar com consciência, não por afinidade. Isso aqui não é Big Brother!

Mandem-me um email (eracai@hotmail.com) com os motivos para que eu possa lhe depositar minha confiança. Mostre que você é capaz de persuadir seus eleitores. Convença-nos. Mas, por favor, não duvidem de minha inteligência e dos leitores desse blog. Nada de propostas gerais ou superficiais. Sejam mais original.

Proponha baseado em dados, sejam profissionais e objetivos. Quem usar jargões batidos como “É preciso mudar”, “Sou do povo”, “Tenho origem humilde”, “Sou a renovação”, etc, perderá a chance de ganhar meus votos.

Os emails que eu receber que considerar objetivo, claro e que sejam dignos de publicação, eu publicarei.

Fico no aguardo. Tomara que consigam me convencer. Boa sorte.

28 agosto 2010

Aos amigos Kely e Edgar

diga e kely

Hoje, o casal amigo Kely e Edgar realiza seu chá de casa nova. Desejo muitas felicidades e amor a eles. Esses dois foram feitos um para o outro e quem os conhece tem certeza disso.

Amigos, sempre digo que a vida foi feita para se viver a dois. Não é fácil. Mas, com certeza, é mais feliz! Quando me casei, um amigo me mandou uma mensagem que me marcou muito e lhes digo agora:

- Bem-vindos ao mundo das pessoas felizes!