26 outubro 2010

Carta Aberta de FHC

Recebi esta carta aberta do presidente Fernando Henrique Cardoso. Quero compartilhar com os leitores deste blog. Deixe as paixões de lado e leia sob a luz da razão. Boa leitura.

Sem medo do passado

O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo?

Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se  deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.

Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010.

“Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”. (José Eduardo Dutra)

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

Fernando Henrique Cardoso

24 outubro 2010

Mentira como método

Merval Pereira em O Globo

O PT estabeleceu um método de atuação política nos últimos anos que, por ter dado certo do ponto de vista de resultados, passou a ser um parâmetro a balizar os seus concorrentes, o que lhe dá vantagens claras.

O partido, apesar de todas as encrencas em que se meteu, é a legenda preferida de 25% dos eleitores, e o PMDB vem em segundo com menos de 10%.

É claro que a presença de Lula no governo dá ao partido essa preferência, que pode desaparecer com o fim do mandato do presidente mais popular da História recente do país. Mas é essa popularidade que dá também ao governo a possibilidade de nivelar por baixo a atividade política, utilizando a mentira como arma eleitoral.

Um exemplo típico é o debate sobre privatizações, que havia dado certo na eleição de 2006 e hoje continua dando resultados, embora mais modestos, já que o PSDB perdeu o medo de assumir as vantagens da privatização para o desenvolvimento do país, embora ainda timidamente.

Logo depois da eleição de 2006, o marqueteiro João Santana, o mesmo que comanda a campanha de Dilma hoje, deu uma entrevista a Fernando Rodrigues, da “Folha”, revelando que a discussão sobre as privatizações fora utilizada como uma maneira de reavivar “emoções políticas” no imaginário do brasileiro comum.

O erro de Alckmin, ensinava Santana na entrevista, foi “não ter defendido as privatizações como maneira de alcançar o desenvolvimento”.

Santana admitia na entrevista que a impressão generalizada de que “algo obscuro” aconteceu nas privatizações, explorada na campanha de Lula, deveu-se a um “erro de comunicação do governo FH, que poderia ter vendido o benefício das privatizações de maneira mais clara. No caso da telefonia, teve um sucesso fabuloso.

As pessoas estão aí usando os telefones”.

Perguntado se não seria uma estratégia desonesta explorar esses sentimentos populares que não exprimem necessariamente a verdade dos fatos, João Santana foi claro: “Trabalho com o imaginário da população. Numa campanha, trabalhamos com produções simbólicas.” O tema, como se vê, não era uma bandeira ideológica que Lula defendesse ardorosamente, assim como continua não sendo hoje, mesmo porque o governo Lula privatizou bancos e linhas de transmissão de energia, e até exploração de madeira na Floresta Amazônica, projeto, aliás, aprovado com o apoio de várias ONGs e do PSDB.

Na campanha atual, a candidata do PT continua demonizando as privatizações com frases que não combinam com a realidade de seu governo.

No recente encontro com intelectuais no Rio, ela disse em tom exaltado, provocando aplausos generalizados: “Fazer concessões no pré-sal é privatizar, é dar a empresas privadas um bilhete premiado.” Se, entre intelectuais, Dilma pode dizer semelhante absurdo e ainda ser aplaudida, o que dizer entre os eleitores mais desinformados sobre o assunto? Será que aquela plateia não sabia que o governo Lula já licitou, utilizando o sistema de concessão, vários blocos do pré-sal sem que houvesse necessidade de fazê-lo se realmente considera que estava privatizando o pré-sal? A acusação de que o candidato tucano, José Serra, privatizou a Companhia Siderúrgica Nacional, além de equivocada no tempo — o que valeu ao tucano um direito de resposta — está errada no conteúdo.

A privatização se deu no governo do hoje senador eleito Itamar Franco, que era contrário à ideia. Quem liderou a pressão para a venda foi a Força Sindical, central que hoje está integrada ao governo Lula.

Com relação à privatização da Vale, a história real é ainda mais estarrecedora.

O governo teve uma ocasião perfeita para reverter a privatização da Vale, se quisesse.

Foi em 2007, quando o deputado Ivan Valente, do PSOL, apresentou um projeto nesse sentido que foi analisado na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara.

O relator do projeto foi o deputado José Guimarães, do PT, aquele mesmo cujo assessor fora apanhado com dólares na cueca num aeropor to na época do mensalão.

Pois o relator petista votou pela rejeição ao projeto de lei, alegando em primeiro lugar que “não há como negar que a mudança das características societárias da Companhia Vale do Rio Doce foi passo fundamental para estabelecer uma estrutura de governança afinada com as exigências do mercado internacional, que possibilitou extraordinária expansão dos negócios e o acesso a meios gerenciais e mecanismos de financiamento que em muito contribuíram para este desempenho e o alcance dessa condição concorrencial privilegiada de hoje”.

Segundo o petista, “a privatização levou a Vale a efetuar investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, (...) o que, naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional”. José Guimarães assinalou que com a privatização a Vale fez seu lucro anual subir de cerca de 500 milhões de dólares em 1996 para aproximadamente 12 bilhões de dólares em 2006.

E o número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização — em 1996 eram 13 mil e em 2006 já superavam mais de 41 mil. Também a arrecadação tributária da empresa cresceu substancialmente: em 2005, a empresa pagou dois bilhões de reais de impostos no Brasil, cerca de 800 milhões de dólares ao câmbio da época, valor superior em dólares ao próprio lucro da empresa antes da privatização.

Se o candidato tucano, José Serra, simplesmente lesse o relatório do deputado petista em um debate, ou na propaganda eleitoral, estariam respondidas todas as acusações da campanha adversária.

18 outubro 2010

A oportunidade do Amapá

Por Charles Chelala - Economista, professor, Mestre em Economia Regional

A situação atual do Estado do Amapá não parece nada animadora, com altos índices de desemprego, obras paralisadas e medíocres indicadores sociais.

Entretanto, o futuro tende a ser promissor diante de diversos fatores que, se forem aproveitados pelo próximo governo, promoverão um salto no desenvolvimento econômico e na geração de emprego e renda locais.

No período de governo que sucede ao atual, deverão ser implantadas em definitivo a Zona Franca Verde e a Zona de Processamento de Exportações, dois regimes aduaneiros especiais que conferirão vantagens consideráveis ao Amapá na atração de investimentos privados.

Também nos próximos anos serão construídas três hidrelétricas, uma no Jarí e duas no Araguari (duas delas já leiloadas e uma em processo de licenciamento ambiental) que juntas investirão mais de R$ 3 bilhões no Amapá, gerando aproximadamente 7,5 mil empregos diretos. As usinas e a interligação ao sistema nacional de eletricidade devem resolver o problema histórico de energia para novos empreendimentos.

A soma de investimentos públicos previstos para o próximo período também deverá ser inédita, com recursos federais (PAC), empréstimo do BNDES e aumento da capacidade de investimento próprio do Estado.

No comércio exterior, alguns dos principais produtos de nossa pauta de exportação apresentam tendência de preços e demanda crescentes, como o minério de ferro, o manganês, a cromita e o açaí, ampliando a geração de divisas e, dependendo de uma ação eficaz do futuro governo, deixem de ser exportados em sua forma primária e passem por processos de industrialização.

O Amapá também reúne condições ideais para ingressar no agronegócio da produção e beneficiamento de óleo de palma (dendeicultura), um dos setores que mais cresce no mundo.

Igualmente se espera para breve o aproveitamento econômico de recursos da biodiversidade e o usufruto de compensação financeira por redução de desmatamento e degradação, via créditos de carbono no mercado internacional.

Aqui foram apresentadas apenas algumas das oportunidades que se abrem para o Amapá. Para aproveitá-las, será necessário que o próximo governador tenha visão estratégica para transformar a matriz econômica deste Estado, no sentido de potencializar o desenvolvimento econômico.  Esta é a chance de começarmos a superar a economia do contracheque.

13 outubro 2010

Por que Lucas Barreto?

Daqui a alguns dias estaremos escolhendo quem sentará na cadeira mais importante do Palácio do Setentrião nos próximos 4 anos.

Decidi escrever este post como uma carta aberta aos leitores amapaenses deste blog declarando meu apoio a Lucas Barreto para governador do nosso estado.

Confesso que é difícil tomar posição e mostrar a cara quando se trata de política. A dificuldade está no fato de a política despertar muitas “paixões” e você pode ficar marcado por apoiar A e não B. Mas acredito que política é muito importante para a vida de todos nós, quer gostemos ou não, que acho necessário que tomemos uma posição pois é nosso voto que decidirá qual futuro teremos nos próximos anos.

Os leitores que acompanham esse blog (pessoal, estritamente pessoal, até no nome dele “Blog do Eldo”) têm acompanhado nos últimos 2 meses meus questionamentos e minhas buscas para escolher meus candidatos. Agora mostrarei porque escolhi Lucas Barreto como minha opção para o governo do Amapá.

Antes da campanha, eu tendia a votar em Lucas por conta de seu vice, o empresário Jaime Nunes. Fui voluntário da Junior Achievement, ONG que busca desenvolver o espírito empreendedor em crianças e jovens, e lá pude conhecer um pouco mais sua história. Ele foi o responsável por trazer essa ONG para o Amapá e é, desde então, o presidente do conselho e mantenedor (junto com outras empresas). O trabalho da Junior Achievement é digno de elogios e a dedicaçãvao do Jaime nesta causa me impressionou. Além disso, conheço algumas pessoas que trabalham com ele na Domestilar e pela Junior Achievement e todas sempre tecem elogios a Jaime e demostram grande admiração por ele.

Além disso, sempre achei que um bom e grande empresário pode contribuir muito para a administração pública com as boas práticas da iniciativa privada e a implantação da meritocracia para composição da equipe de trabalho. Outro fator que considero positivo é não ter os vícios dos políticos profissionais, aqueles que dependem da política para sobreviverem.

Durante a campanha, os embates do período eleitoral, as outras candidaturas plantaram boatos de que Jaime, como vice governador, iria impedir que as Casas Bahia viessem para o Amapá. Ora, primeiro que ninguém tem como impedir que uma grande empresa do varejo se instale em qualquer estado que seja. Segundo, quem disse que a empresa do Sr. Michel Klein quer se instalar no Amapá? Com cerca de 40 anos de história, as Casas Bahia não estão presentes nem da própria Bahia. Por que ela escolheria justamente o Amapá? Boatos e terrorismo baixos de campanha.

Portanto, por acreditar que Jaime é uma boa novidade para a política amapaense, voto em Lucas.

Uma crítica que fazem a Lucas é o fato de ser aliado de Sarney. Desde que Sarney chegou ao Amapá, em 1990, todos os candidatos que chegaram ao poder tiveram seu apoio, inclusive João Alberto Capiberibe. Não se pode negar que ele tem influência na política local, gostemos ou não disso, e eu não gosto. Atualmente, ele está na metade de seu 3º mandato de senador e, sinceramente, creio que este será seu último mandato. Desta eleição, alguns nomes de peso sobraram da disputa (Waldez, Capiberibe, Papaléo e outros) e poderão vir a serem adversários fortes para Sarney. Afinal, em 2004, a então quase desconhecida Cristina Almeida quase ganhar do velho coronel. Por isso acho que em 2014, Sarney ficará de fora.

Outra coisa importante a se falar em relação a Sarney é que um estado como o Amapá, pobre e que precisa muito de sua bancada para conseguir recursos federais, não pode prescindir de um de seus senadores. É importante para o Estado que o governador eleito tenha o mínimo de convivência com a bancada federal para que os recursos cheguem por essas bandas. E queiramos ou não, Sarney ainda é senador pelo Amapá e brigas políticas e pessoais não podem estar a frente dos interesses dos amapaenses.

Durante a campanha, surgiu um vídeo de uma viagem de Lucas à África fazendo um safari de caça. No vídeo, ele aparece abatendo animais selvagens. Seus adversários no pleito distribuiram CDs com o vídeo e várias pessoas receberam email com o link do vídeo. Essa talvez tenha sido a maior bobagem de toda a campanha. Todo o mundo sabe que esse tipo de turismo existe e que é muito comum na África. Mais importante que isso, não há nenhuma ilegalidade em fazer esse tipo de safari. Há diversas agências de turismo que vendem pacotes, e nem por isso as pessoas que fazem essa viagem são presas ou execradas ao voltar ao Brasil. Isso é uma tremenda bobagem.

Outro motivo que me leva a escolher Lucas nesse segundo turno é a importância que dou a alternância de poder para o bom desenvolvimento da nossa democracia e do nosso estado. Nos últimos 20 anos, algumas poucas famílias deram as cartas na política local. Capiberibes, Góes, Dias. Basta! Nosso povo é plural e acho arriscado para o estado que haja essa concentração de poder em torno de sobrenomes.

Acredito que Lucas e Camilo têm, ambos, boas propostas para governar o Amapá. Afinal, não chegaram a este 2º turno na base de fantasia e bons trabalhos dos seus marqueteiros. Suas campanhas foram vitoriosas no 1º turno porque nós, eleitores, acreditamos nas suas propostas e vimos neles aqueles que podem fazer do Amapá um estado melhor e mais desenvolvido. Mas minha opção pessoal por Lucas é por acreditar que ele representa, realmente, o novo. Seu trabalho como presidente da Assembléia Legislativa, quando organizou e saneou uma instituição que estava envolta em dívidas e falta de credibilidade, me faz ter certeza que ele está preparado para ser o governador do Amapá. Seu diálogo fácil com o povo e sua capacidade de liderar, focado nas necessidades da população me fazem crer que ele é a melhor opção.

Camilo é um grande político, representa muito bem seu pai e sua mãe, tem boa formação e acredito que tem muito a contribuir para o crescimento do estado, mas não vejo essa como sendo sua hora. ACREDITO, sinceramente, que AGORA É LUCAS.

12 outubro 2010

Por que Serra?

1) O Brasil poucas vezes teve um candidato tão preparado política e tecnicamente para ser presidente.

2) Serra tem 40 anos de vida pública e 25 de cargos eletivos e nunca teve nenhum caso de corrupção ligado ao seu nome.

3) Ele não é FHC. E olha que admiro o FHC pra caramba! Ele é mais progressista q o FHC e mais preparado também.

4) Por todos os cargos que foi eleito e/ou trabalhou, o Serra sempre conseguiu dar resultados positivos. Seja como vereador, dep federal, senador, prefeito, governador, secretário de planejamento, mininstro do planejamento, ministro da saúde.

5) Ele não aparelha a máquina dos governos nos quais trabalho. Sempre privilegiou o técnico.

6) Apesar do mito criado pelo PT de que ele é centralizador, isso não é verdade. Vide o texto da Soninha Francine, que era do PT e trabalhou com ele.

7) O Serra tem luz própria, realizações próprias e história política

8) Se a Dilma ganhar, em janeiro, acaba o lulismo e começa o petismo de Dirceu, Berzoini, Genoíno, com a força do PMDB de Michel Temer, Sarney e Renan e sua corja.

9) A Dilma não tem o peso político para suportar as pressões e escândalos que o Lula suportou.

Há 16 anos atrás, o Brasil era outro. FHC fez as medidas necessárias naquela época pro Brasil poder crescer agora. Ele correu o risco de ser impopular (e acabou sendo) para fazer os ajustes que o Brasil precisava. Ele não foi populista, foi, sim, responsável.

O Lula só pode fazer o governo dele do jeito que foi porque FHC arrumou o Brasil para o crescimento. Mas o Brasil poderia ter avançado mais do que avançou nesses 8 anos de lulismo. Assim como pode mais e o Serra é indiscutivelmente o melhor pra isso.

Se o Lula fosse o Collor, já não seria mais presidente. Lembram que o Collor sofreu impeachment pq fez caixa 2 e usou dinheiro publico pra fazer a casa da dinda e comprar bens pra si? O que o Lula fez não foi muito pior que isso? Claro q foi. Mas o Lula é um mito por conta da sua historia de vida e praticamente nada grudou nele.

Dilma não é mito e será desmacarada em menos de 6 meses de governo se ela ganhar. Não tem jeito. Com Dilma o Brasil retrocede uns 20 anos.

Meu filho já engatinha!

Confesso: Sou babão pelo meu filho Arthur!

Mas me digam se não há motivos?

Agressão gratuita e sem necessidade

Tenho acompanhado, confesso, ainda um pouco perplexa, a campanha difamatória que o Programa Café com Notícia e os blogs de Alcilene e Alcinéa Cavalcante vêm sofrendo nos últimos dias. A jornalista Márcia Corrêa, com quem cursei faculdade de jornalismo e divido a apresentação do programa, todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, há três anos e meio, na Rádio Equatorial, 94,5 FM, “ousou” fazer uma pergunta sobre alianças políticas ao candidato do PSB ao governo do Estado e logo uma rede articulada entrou em ação.

Desde que entramos no ar, procuramos cumprir com responsabilidade o nosso papel de jornalistas. Embora tenhamos opinião sim, sobre os mais diversos assuntos, procuramos utilizar uma estratégia discursiva, escolhendo fontes confiáveis, selecionando falas qualificadas, abordando o ângulo da notícia o mais amplo possível e reproduzindo as vozes, que representem os vários lados da informação.

Conhecer esses caminhos é importante, pois dessa forma buscamos, ao utilizar uma multiplicidade de meios, equilibrar o volume de informações repassadas aos nossos ouvintes, para que cada um faça a interpretação que julgar apropriada, e assim forme a sua própria opinião. Não temos a pretensão de “fazer a cabeça” de ninguém, porque apostamos na inteligência e capacidade de elaboração das pessoas que nos ouvem.

Como disse anteriormente, a tarefa não é fácil. Rótulos são facilmente colocados e a rapidez dos fatos, aliada ao dinamismo do rádio torna tudo ainda mais perecível e arriscado. Optamos pelo canal direto com a comunidade, por meio de participações ao vivo e mensagens que chegam a cada instante, tornando o cidadão uma espécie de pauteiro e fonte permanente. Abrimos democraticamente o nosso espaço radiofônico para que o debate ocorra da forma mais democrática possível.

As falhas, naturais do processo, procuramos corrigir a cada dia fazendo um exame dos nossos comentários e das matérias que levamos ao ar. Aceitar a crítica é o mínimo, providenciar acertos e corrigir as falhar, é obrigação. Não me espanta o artigo com críticas, mas o tom utilizado, as acusações descabidas e a lamentável estratégia utilizada de divulgação e repetição de mentiras e especulações difamatórias e injuriosas, justamente dos que sempre se disseram vítimas de tais práticas.

A estratégia de desqualificação do Café com Notícia é pensada e articulada sim! Prova disso é que o artigo que tenta denegrir o programa e as jornalistas já citadas, foi distribuído de forma combinada pela assessoria de imprensa do gabinete da Deputada Janete Capiberibe, indevidamente pelo mailing da assessoria de imprensa da Fecomércio e ganhou eco no blog Notícias Daqui, braço digital do partido. Portanto, não foi uma atitude isolada do colunista, como alguns tentam fazer crer.

É assim que funciona a velha prática de desmoralizar quem não está à serviço de quem acusa. Eles vão de um extremo ao outro com a mesma velocidade e desenvoltura, como se tivessem o poder de “abençoar” inimigos, outrora veementemente criticados, e condenar os que de alguma forma, ou por qualquer motivo simplesmente negam dizer amém. O episódio é lamentável e incompatível com os novos tempos que se espera na política local, com diz o sociólogo Hélio Jaguaribe, “no Brasil já não há mais espaço para radicalismo”.

Ana Girlene Oliveira - Jornalista

09 outubro 2010

Empresários na política

Autor: Charles Chelala - economista, professor e Mestre em Desenvolvimento Regional

Um tema tem suscitado debates nas presentes eleições para o governo do Estado Amapá: o fato de uma das chapas ter escolhido um bem sucedido empresário local para ser candidato a vice-governador. Gostaria de contribuir nesta discussão.

Quero de pronto afastar algumas falácias, tais como o empenho deste empresário em impedir a instalação em Macapá de uma rede nacional de móveis e eletrodomésticos. Esta premissa é falsa, pois uma empresa comercial decide sua localização conforme o potencial do mercado e os custos de logística. Esta rede nacional está implantada em apenas dez Unidades da Federação e não atua no Ceará, nem no Pará e nem no Amazonas, uma vez que são Estados nos quais o mercado e os custos não compensam. Por que, então, estaria interessada no Amapá? Além disso, que força teria um empresário local contra um dos maiores grupos nacionais?

Outra tergiversação é o fato de que um empresário estaria interessado em se apropriar de recursos públicos para proveito próprio. Neste campo, convenhamos, os políticos profissionais são muito ágeis, como comprovam as últimas operações da Polícia Federal. Para impedir a ocorrência desses desvios, seja de político ou de empresário, devem ser adotados todos os meios para tal, tanto os de controle interno, quanto os de controle social dos recursos públicos.

Assim, vamos ao que realmente é relevante: a presença de um empresário local na cúpula do governo pode ser interessante.

Primeiramente, sabemos que no Amapá reina a “economia do contracheque” e há carência de espírito empreendedor. É preocupante constatar que, para a maioria dos acadêmicos o grande anseio é o de entrar no serviço público. Nada contra, mas poderíamos ter mais estudantes de administração, economia e contabilidade (entre outras), pensando em abrir e tocar seu próprio negócio. A presença de tino empresarial no governo ajudará a estimular o empreendedorismo no Amapá.

Além disso, a gestão empresarial no governo atuará para criar o ambiente favorável para o desenvolvimento de negócios no Estado, com regras, estímulos e condições para atrair investimentos e impulsionar as empresas locais de todos os portes.

Sabe-se também que, por conta da acirrada concorrência no mercado, a gestão empresarial é decisiva para o sucesso, que só é atingido por gestores que saibam aplicar bem os recursos, com economia e eficácia. Esta postura seria muito bem-vinda na administração pública, usualmente perdulária e ineficaz.

Afastando os estéreis factóides típicos de época eleitoral, este é o debate que interessa ao eleitor esclarecido.

Bom Círio a todos!