22 setembro 2009

Sem rótulos

O que é ser de direita ou de esquerda?
Sinceramente? Não saberia dizer.
O senso comum costuma rotular a esquerda como sendo o espectro político preocupado com o social, com o bem estar social, nacionalista, revolucionária, contra privatizações, que pretende um Estado que interfira em todas as esferas da sociedade. A esquerda é socialista/comunista.
Quanto à direita, é conhecida como elitista, defensora do Estado Mínimo, a favor das privatizações, do status quo, do establishment, conservadora, que defende a meritocracia. A direita é capitalista.
Esses são alguns dos rótulos.
Pois bem, a campanha política do próximo ano se aproxima e começam, ainda em tons contidos, os debates entre os defensores do atual governo (leia-se PT) e da oposição (leia-se PSDB). São esses os dois partidos que serão os protagonistas na campanha a presidente. De um lado, Dilma (pelo menos esse é o Plano A), de outro Serra ou Aécio. E nessa campanha, se os moldes da última disputa presidencial Lula X Geraldo Alckimin forem mantidos, os argumentos serão os mesmos: o PT "acusará" o PSDB de ser a favor da privatização, que querem vender o Brasil, que não estão preocupados com o povo, que "nunca na história desse país" o Brasil passou por um período em que esteve tão forte na economia, etc.
E o PSDB? Como eleitor, espero que assuma seu papel de oposição responsável. Mostre os avanços que o Brasil passou desde o início Plano Real, as bases fortes que foram sedimentadas pelo Governo FHC para que o Brasil estivesse na posição que se encontra no mundo atual, que demonstre que as privatizações foram um avanço para o país na medida em que possibilitaram a quase universalização de serviços como a telefonia, a formação de empresas brasileiras fortes nos seus mercados mundiais como a Embraer e a Vale. Mostre ao povo que o grande mérito do Governo Lula na economia foi adotar a maneira responsável de administrá-la que o Governo FHC adotou e que os resultados obtidos nos 8 anos do Lula foram em decorrência dessa continuidade da política econômica e do fato de a economia mundial ter passado por um período de crescimento extraordinário que coincidiu com os primeiros 6 anos do mandado do Lula.
Acabei entrando um pouco no debate político das próximas eleições, mas o que eu queria relatar nesse post é minha opinião sobre direita e esquerda, na visão de um cidadão que nunca leu nada específico sobre isso, mas que acompanha a política desde 89, quando tinha 10 anos e já se empolgava com os debates e os assuntos da política nacional: eu.
Direita ou esquerda? Depende.
Sou a favor das privatizações, desde que sejam feitas através de contratos bem amarrados e com a fiscalização de agências reguladoras independentes e fortes para garantir esses contratos.
Não sou a favor de um privatização generalizada e irrestrita. Há setores importantes que devem ser mantidos nas mãos do governo, pelo menos em parte, como o Petróleo e acho importante que hajam bancos governamentais como o Banco do Brasil, a Caixa e o Banco da Amazônia para servirem de referência para as políticas públicas do governo.
Apóio que o Estado seja o mínimo possível. As preocupações do Estado devem se concentrar em setores como Educação, Saúde, Infraestrutura e Segurança. A política econômica deve indicar as linhas gerais, o mercado cuida do resto. Claro que é preciso que hajam controles do Estado para evitarem abusos e regras rígidas e punições severas para as infrações/infratores.
Sou a favor da Reforma Agrária desde que seja feita para as famílias que realmente necessitem e que vão ficar no campo. Sou contra o MST e sua política de anarquia, conflito armado e educação do tipo "lavagem cerebral" para criar terroristas nos campos do Brasil. Hoje o MST quer terras para especular e ter em suas mãos e sob sua "tutela" pobres brasileiros que realmente querem trabalhar para usarem como grupo de manobra para pressionar o governo para obterem mais dinheiro.
Defendo uma lei trabalhista mais flexível e justa. Acho que o trabalhador merece receber seu 13º, suas férias e gratificações, ok. Agora porque as empresas tem que pagar uma multa quando manda o trabalhador embora se ela já deposita todo mês o FGTS? As empresas precisam dos trabalhadores e não demitem porque querem, mas porque precisam. E quem já teve a necessidade de demitir alguém sabe o quão é difícil fazê-lo. Não é nenhuma diversão mandar alguém pra rua. Muito pelo contrário. Mas às vezes é melhor que um seja demitido para que os outros 10 continuem com seus empregos.
Sou a favor dos sindicatos para brigarem pela justiça nas relações empresa + empregados (e coloco "+" porque acho que é isso que acontece, há uma soma de habilidades para o bem comum), mas sou contra o sistema sindical em que os líderes dos sindicatos tem regalias a custa de contribuições que os trabalhadores fazem e que, na maioria das vezes, não há prestações de contas.
Assistência social através das Bolsas Famílias da vida. Sou a favor desde que haja o incentivo para que os que recebem tenham perspectivas de saírem da miséria por conta própria através de educação, capacitação, microcrédito. Senão, teremos milhões de pessoas desestimuladas a se desenvolverem por conta da comodidade de receberem uma renda do governo todo mês, fora que toda essa população vira massa de manobra para os políticos ocupantes dos cargos.
Apóio a meritocracia. Os cargos de confiança deveriam ser praticamente extintos, ficando só aqueles realmente mais próximos aos gestores como nomeação. A maioria dos cargos deveriam ser ocupados por profissionais de carreira e capacitados. Quem estudo, trabalha merece receber mais, seja na iniciativa privada, seja na pública.
Outro dia, um cara falou que tenho essa opinião porque "sou de elite, porque estudei em universidade pública, porque estudei em colégio particular, estudei no exterior, blá, blá, blá." Considerando-se que só 10% da população brasileira tem acesso ao nível superior, ok, sou elite. Mas tudo que consegui e muitos que conheço conseguiram não foram obtidos por "bondade" ou "peixada" não. Foi trabalho, estudo, mérito.
Meu pai é taxista, minha mãe professora. Nunca foram ricos, longe disso, mas sempre colocaram o estudo dos filhos como prioridade. E nós, eu e meus irmãos, sempre soubemos valorizar isso e estudamos muito e gostamos disso. Graças à Deus, ao trabalho deles e às suas prioridades, eles puderam pagar escola particular pra gente, e nós retribuímos com muito estudo e como resultado nem pagávamos a escola por conta de nosso desempenho o que algumas/muitas vezes resultaram em prêmios como bolsa parcial/total em alguns meses. Trabalho e dedicação é o nome disso.
Sou contra radicais. Sejam eles de esquerda ou direita. Sou a favor do respeito e o mérito.
Acho que escrevi muito, mas é que esse post foi sendo criado há muito tempo e os assuntos foram se acumulando. Se alguém chegar até aqui e quiser comentar abaixo, fique a vontade. Será um prazer lê-los. Fico por aqui.

04 setembro 2009

Lula vende ilusões sobre o pré-sal e esconde a realidade dos desmandos na Petrobras

As reservas do pré-sal foram anunciadas em novembro de 2007. Vinte e dois meses depois, o presidente Lula apresenta um projeto de lei que ninguém conhecia, sobre o qual não houve nenhum debate prévio, e quer que o Congresso o aprove a toque de caixa, em apenas 90 dias. Por que toda essa urgência agora?

Para variar, o presidente Lula troca o trabalho duro de governar pelo palanque eleitoral. E vende ilusões, como já vendeu sobre o Fome Zero, o Primeiro Emprego, o biodiesel, o etanol, o PAC, a construção de 1 milhão de casas e outros anúncios bombásticos.

Ilusões sobre o passado. Ele apresenta a expansão da Petrobras como obra sua, quando na verdade começou com a Lei do Petróleo proposta por FHC e aprovada em 1997, depois de dezoito meses de discussão no Congresso e contra o voto do PT.

Ilusões sobre o presente. Ele elogia a Petrobras da boca para fora, quando na verdade a entregou ao fisiologismo político dos “companheiros” e aliados. Gasolina cara e diesel poluente: estas são as marcas do jeito petista de governar a maior empresa do Brasil.

Diz que a Petrobrás é do povo brasileiro mas nega aquilo que FHC garantiu: o direito de usar o FGTS para comprar ações da companhia. Os trabalhadores que usaram esse direito em 2000 viram suas ações se valorizar 1.100% em dez anos. Quem vai lucrar com o novo modelo?

Ilusões sobre o futuro. Ele fala do pré-sal como se o petróleo fosse começar a jorrar amanhã, quando na verdade serão precisos pelo menos dezesseis anos de investimentos gigantescos e trabalho competente para isso acontecer.

Houve mais enganação no anúncio-comício. O presidente Lula exaltou o desempenho da economia brasileira, quando no seu governo o Brasil cresceu menos do que a média da América Latina e do mundo. No governo FHC, com todas as crises externas, o Brasil cresceu mais do que a América Latina.

Gabou-se de ter reduzido os juros, quando na verdade o mundo inteiro reduziu seus juros muito mais do que o Brasil. Continuamos a pagar aos banqueiros as taxas de juros reais mais altas do planeta. Nunca neste país os grandes bancos privados ganharam tanto dinheiro como no governo do Partido dos Trabalhadores.

Mas não respondeu à grande questão sobre o pré-sal: por que tentar mudar a lei quando quase tudo o que o governo diz querer poderia ser obtido por decreto. Aumentar a fatia do governo no petróleo produzido; fortalecer a Petrobras e aumentar a participação do governo no seu capital; preparar o Brasil para investir os recursos do pré-sal em educação, ciência e tecnologia e redução da pobreza: tudo isso pode ser feito de forma muito mais rápida e segura dentro do modelo atual.

O petróleo do pré-sal é muito importante para o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos e netos. Por isso mesmo, não pode ser sacrificado ao oportunismo de um presente irresponsável, míope, cujo único projeto real é esticar a presença no poder de um partido cansado, de uma aliança forçada, sem ideias próprias sobre o Brasil e os brasileiros.

Enquanto vende ilusões, o presidente Lula põe sua tropa de choque para impedir que a CPI mostre a realidade do aparelhamento político da Petrobras. Enquanto impõe urgência ao Congresso, ganha tempo para seus “companheiros” continuarem mandando e desmandando na empresa.

O petróleo é nosso, ele diz. Será, um dia, quando conseguirmos extrai- lo. Enquanto isso, as nomeações sem critério técnico, os patrocínios sem prestação de contas e as polpudas vantagens “não contabilizadas” são deles.

Sérgio Guerra
Presidente Nacional do PSDB