09 outubro 2010

Empresários na política

Autor: Charles Chelala - economista, professor e Mestre em Desenvolvimento Regional

Um tema tem suscitado debates nas presentes eleições para o governo do Estado Amapá: o fato de uma das chapas ter escolhido um bem sucedido empresário local para ser candidato a vice-governador. Gostaria de contribuir nesta discussão.

Quero de pronto afastar algumas falácias, tais como o empenho deste empresário em impedir a instalação em Macapá de uma rede nacional de móveis e eletrodomésticos. Esta premissa é falsa, pois uma empresa comercial decide sua localização conforme o potencial do mercado e os custos de logística. Esta rede nacional está implantada em apenas dez Unidades da Federação e não atua no Ceará, nem no Pará e nem no Amazonas, uma vez que são Estados nos quais o mercado e os custos não compensam. Por que, então, estaria interessada no Amapá? Além disso, que força teria um empresário local contra um dos maiores grupos nacionais?

Outra tergiversação é o fato de que um empresário estaria interessado em se apropriar de recursos públicos para proveito próprio. Neste campo, convenhamos, os políticos profissionais são muito ágeis, como comprovam as últimas operações da Polícia Federal. Para impedir a ocorrência desses desvios, seja de político ou de empresário, devem ser adotados todos os meios para tal, tanto os de controle interno, quanto os de controle social dos recursos públicos.

Assim, vamos ao que realmente é relevante: a presença de um empresário local na cúpula do governo pode ser interessante.

Primeiramente, sabemos que no Amapá reina a “economia do contracheque” e há carência de espírito empreendedor. É preocupante constatar que, para a maioria dos acadêmicos o grande anseio é o de entrar no serviço público. Nada contra, mas poderíamos ter mais estudantes de administração, economia e contabilidade (entre outras), pensando em abrir e tocar seu próprio negócio. A presença de tino empresarial no governo ajudará a estimular o empreendedorismo no Amapá.

Além disso, a gestão empresarial no governo atuará para criar o ambiente favorável para o desenvolvimento de negócios no Estado, com regras, estímulos e condições para atrair investimentos e impulsionar as empresas locais de todos os portes.

Sabe-se também que, por conta da acirrada concorrência no mercado, a gestão empresarial é decisiva para o sucesso, que só é atingido por gestores que saibam aplicar bem os recursos, com economia e eficácia. Esta postura seria muito bem-vinda na administração pública, usualmente perdulária e ineficaz.

Afastando os estéreis factóides típicos de época eleitoral, este é o debate que interessa ao eleitor esclarecido.

Bom Círio a todos!

2 comentários:

FHC disse...

Não necessariamente, certamente a prática de gestão em um mercado concorrido é importante para formação de um caráter empreendedor, mas o uso desta habilidade na gestão pública depende de vontade política e bom censo. O Estado é submetido a um ordenamento jurídico peculiar e deve atender demandas muito específicas que não devem guiar-se só pelo princípio econômico, não é coerente confundi-lo com o mercado. A boa condução política sim é relevante, na verdade imperativa, para uma boa gestão. Para garantir parcimônia e eficácia na aplicação dos recursos públicos existem os cargos técnicos no quadro Estado, os profissionais selecionados para ocupá-los sim têm que ter essa preocupação como finalidade. Portanto, penso ser interessante um perfil empreendedor como gestor, porém, não é condição essencial.

Anônimo disse...

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